Em meio às queimadas que assolam o país, manifestantes foram às ruas de São Paulo neste domingo (22) para denunciar a crise climática e cobrar a atuação de autoridades políticas para a mitigação dos efeitos sentidos pela população. Na capital paulista, a Marcha por Justiça Climática foi realizada na avenida Paulista. Atos também foram registrados em outras cidades do estado, porquê Piracaia, Campinas, Bauru, Ribeirão Preto, Limeira, Sorocaba, Piracicaba e São Roque.
Presente na sintoma em São Paulo, a ativista indígena Txai Suruí lembrou o período de campanha eleitoral vivido pelo país, às vésperas de eleições municipais, e ressaltou a preço de cobrar o comprometimento de políticos com a taxa climática.
“Tem políticos que não falam da taxa climática, da taxa ambiental, da taxa dos direitos humanos. Estamos cá para expressar que o povo está de olhos abertos, para expressar que a gente não aceita que os nossos direitos sejam negociados, que o nosso porvir seja vendido”, disse.
Para substanciar a relevância do voto em candidaturas que tenham compromisso com o meio envolvente, a jovem Gabriela Gomes levou um edital com os dizeres “vote pelo clima”. Ela participa de organizações que dialogam sobre a taxa ambiental com a juventude, porquê o Instituto Refloresta e a Coalizão Clima de Mudança.
“Votar pelo clima é falar sobre o nosso presente e porvir. A gente fica nessa coisa de porvir o tempo inteiro, mas estamos sofrendo com as consequências da crise climática agora. Precisamos de políticas efetivas e de pessoas que levem a sério a taxa climática, vereadores, prefeitos, pessoas que estão do nosso lado. A gente acha que só o presidente pode fazer alguma coisa pelo clima, mas a gente precisa das pessoas perto da gente comprometidas com essa taxa também”, destacou a Gabriela Gomes, que também tem um projeto de podcast que discute meio envolvente com a juventude.
A presença de indígenas foi marcante na sintoma. Eles denunciaram o assassínio de lideranças e destacaram o cenário de instabilidade jurídica provocado pela aprovação da tese do marco temporal, que levou ao acirramento de conflitos. Txai Suruí recordou o recente assassínio do jovem Guarani Kaiowá Neri Ramos, atingido pela polícia do Mato Grosso do Sul em uma retomada no último dia 18 de setembro.
“A gente está cá para mostrar a voz dos povos indígenas, para expressar ‘não’ ao genocídio, expressar ‘sim’ à demarcação. O marco temporal é uma tese genocida, que mata não só nós, povos indígenas. Essa não é uma luta só nossa, é uma luta de todos”, afirmou Txai Suruí.
Agronegócio predatório
A marcha em São Paulo, convocada pela Coalizão pelo Clima, reuniu ativistas, movimentos populares, sindicatos e diversas organizações que atuam no campo da taxa climática e ambiental. A tributo do agronegócio predatório para a atual crise foi destacada pela integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno (MST) Rosana Santos, que cobrou uma mudança urgente no “comportamento destrutivo” do setor.
“Se a gente não parar as queimadas, o desmatamento, com esse agronegócio que envenena as terras, envenena os rios, que envenena tudo e queima, a gente não vai ter mais porquê sobreviver no planeta. Logo, temos que lutar pela mudança desse comportamento destrutivo, que visa o lucro”, aponta.
Além de invocar a atenção para a situação de calamidade, os manifestantes também exigiram punição às pessoas que atearam lume de forma criminosa nas últimas semanas.
Autoridades do governo vêm apontando indícios de que segmento dos incêndios que tomaram conta do país foi causada por ação humana de forma propositado. A Polícia Federalista tem mais de 50 investigações abertas nesse sentido.
“Eu estou cá lutando pelo termo do agro predatório, reforçando que sem natureza a gente não existe, sem a proteção dos territórios tudo vai ruir. A gente precisa estar cá, ocupar as ruas, cobrar a política para que as mudanças concretas sejam feitas”, reforçou Mahryan Sampaio, co-fundadora da ONG Perifa Sustentável.
Ações efetivas
Outras pautas levadas aos atos foram a proteção ao modo de vida das comunidades tradicionais, afetadas diretamente pela crise climática. As manifestações pedem saudação à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), demarcação das terras indígenas, titulação das terras quilombolas, reforma agrária popular e investimentos na lavra familiar.
Outras propostas pedem reorganização do Projecto Safra; proteção da saúde dos trabalhadores em dias de grande poluição; geração de um programa de empregos de interesse público-comunitário; investimentos para a indução de cadeias produtivas de ordinário impacto ambiental; geração de um programa de restauração de biomas e exclusão dos investimentos em mitigação e adaptação às emergências climáticas dos limites impostos pelo novo tórax fiscal.
Atos pelo país
Na sexta-feira (20), a Coalizão Pelo Clima organizou uma sintoma com o mesmo intuito no Rio de Janeiro. O evento encerrou com um encontro nos Arcos da Lapa para lançamento do manifesto Rio Capital do Caô Climatológico.
Já no sábado (21), foi a vez de manifestantes de Curitiba (PR) ocuparem as ruas do núcleo da capital paranaense no ato intitulado Chega de Fumaça!
Londrina (PR), Florianópolis (SC), Belo Horizonte (BH) e o Região Federalista também registraram manifestações.
Edição: Geisa Marques
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