O queimada consumiu 849.521 hectares de terras públicas não destinadas na Amazônia de janeiro a agosto de 2024. Isso representa um salto de 175% em conferência ao mesmo período do ano anterior, quando essas áreas perderam 308.570 hectares para as chamas. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (12) pelo Monitor do Queima, uma iniciativa coordenada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) na rede MapBiomas. A plataforma utiliza imagens de satélites para identificar os pontos de incêndio.
As terras públicas não destinadas são regiões sob responsabilidade dos governos estaduais ou federais que ainda não foram transformadas em assentamentos, Unidades de Conservação (UCs) ou outros territórios protegidos, porquê Terras Indígenas (TIs) e Territórios Quilombolas (TQ). Essas localidades são o principal intuito de grilagem, quando terras públicas são loteadas ou registradas sem autorização do poder competente.
“O queimada é complemento do desmatamento. Você derruba a floresta e tem que tocar queimada. E o desmatamento é o principal instrumento de grilagem”, explica Maurício Torres, professor da Universidade Federalista do Pará (UFPA). Por lei, essas terras devem ser voltadas para conservação, ocupação indígena ou para uso sustentável de seus recursos, em próprio pelas populações originárias e tradicionais.
Tapume de 50% do desmatamento da Amazônia Lícito ocorre em terras públicas, de congraçamento com dados do Ipam. Dois terços do desflorestamento em terras públicas da Amazônia está em áreas com o Cadastro Ambiental Rústico (CAR) fraudado.
Levando em conta a proporção da superfície afetada pelas chamas, as TIs são as mais devastadas nos oito primeiros meses do ano. Em conferência com 2023, quando havia 937.148 hectares queimados no período, o aumento é de 39% de territórios indígenas incendiados em 2024, com 1.300.646 hectares atingidos leste ano.
Na sequência, estão os imóveis rurais privados com CAR e SIGEF (Sistema de Gestão Fundiária), com 23% da superfície queimada no bioma de janeiro a agosto deste ano. Estes imóveis tiveram 696.586 hectares queimados em 2023 e 1.233.888 hectares queimados leste ano, um aumento de 77%.
“Para reduzir os incêndios nestas áreas é fundamental diminuir o uso do queimada nos imóveis rurais privados, que também têm uma abrangência grande de superfície queimada, e combater o uso criminoso do queimada em terras públicas”, diz Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam.
Extensão de floresta queimada aumentou 132% em agosto
Somente em agosto de 2024, o queimada consumiu 685.829 hectares de floresta na Amazônia – a maior concentração de incêndios no mês em um período de cinco anos. No mesmo mês do ano pretérito, foram 295.777 hectares. Em agosto de 2019, esse número era de 207.259 hectares. Leste tipo de vegetação nativa, que já chegou a simbolizar 12% da superfície queimada do bioma em agosto de 2019, hoje concentra 34% de tudo o que pegou queimada na região, segundo o Ipam.
“Normalmente nesse mês são registradas principalmente queimadas em áreas agropecuárias, com grande destaque para as áreas de pasto”, explica Alencar. A expansão das chamas em florestas indica o impacto da crise climática no bioma. “Leste ano parece que o clima tem impactado essa tendência, infelizmente, deixando as florestas mais inflamáveis e suscetíveis aos incêndios”, avalia.
Edição: Martina Medina
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