Hospital declara morte encefálica de uma das siamesas separadas em Goiás

O Hospital Estadual da Menino e do Jovem (Hecad) informou, por volta das 11h desta segunda-feira, 19, que está em curso o protocolo de morte encefálica de Kiraz, uma das gêmeas siamesas separadas em Goiás.

“A confirmação do óbito só poderá ser feita depois o fecho do protocolo, por volta das 13 horas, com a realização de todos os exames clínicos e complementares necessários, conforme prevê a legislação vigente”, disse ainda o transmitido do Hecad, onde as gêmeas estavam internadas.

Em uma publicação no Instagram nesta segunda-feira, a família de Kiraz postou uma foto da moça e escreveu “Descanse em silêncio, filha!”.

Horas antes, os pais também compartilharam uma outra foto das gêmeas com a legenda: “Papai, e principalmente mamãe, fez o que pode por vocês, minhas filhas. Agora é com nosso Deus!”.

Cirurgia de separação
Naturais do interno de São Paulo, as gêmeas Kiraz e Aruna, de um ano e seis meses, passaram pela cirurgia de separação no Hecad, em Goiânia (GO), no dia 10 de maio.

As irmãs são acompanhadas desde os primeiros meses de vida pelo cirurgião pediátrico Zacharias Calil, referência vernáculo no ponto. Segundo ele, Kiraz e Aruna são classificadas porquê siamesas esquiópagas triplas, ou seja, unidas pela bacia, com três pernas e múltiplos órgãos compartilhados, porquê fígado, tripa, genitália, ânus, tórax e abdômen.

A cirurgia mobilizou mais de 60 profissionais, entre eles mais de 10 cirurgiões de especialidades porquê cirurgia pediátrica, plástica, ortopédica, vascular, urológica e digestiva, além de anestesiologistas e equipes de suporte.

A trajetória até a separação envolveu uma preparação cuidadosa. Há seis meses, as meninas passaram por uma cirurgia prévia em que foram implantados expansores de pele — próteses de silicone que, ao serem infladas gradualmente, estimularam a produção de tecido para deter as áreas que ficariam expostas depois a cirurgia.

Desde logo, as irmãs realizavam comitiva médico frequente, com foco no incremento, lucro de peso e fortalecimento da isenção. A cirurgia, com dispêndio de mais de R$ 2 milhões, é realizada integralmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).