A atuação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federalista (STF), ultrapassa as fronteiras da mais subida incisão do país e levanta questionamentos sobre sua influência direta nas estruturas do futebol brasiliano. Reportagem da revista Piauí revelou que pelo menos seis integrantes da atual cúpula da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) têm vínculos com o Instituto Brasílio de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) — instituição privada da qual o ministro é sócio.
Essas conexões ocorrem em paralelo a decisões judiciais tomadas por Gilmar que, por duas vezes, impediram a destituição de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF. As medidas foram vistas porquê salvaguardas jurídicas ao dirigente, que tem enfrentado uma série de disputas pelo comando da entidade.
O gavinha entre CBF e IDP
O IDP firmou um contrato de 10 anos com a CBF para a organização dos cursos da CBF Academy, o braço educacional da confederação. A parceria consolidou uma ponte institucional entre as duas organizações e, segundo apuração da Piauí, possibilitou a nomeação de pessoas ligadas ao IDP para cargos estratégicos na CBF.
Entre os nomes está Hugo Teixeira, assessor próprio de Ednaldo Rodrigues e ex-colaborador direto de Francisco Schertel Mendes — rebento de Gilmar Mendes e gestor do IDP. Também aparecem na lista André Mattos, diretor jurídico da CBF, e Valdecir de Souza, diretor financeiro da entidade.
As indicações, somadas à atuação de Gilmar em processos que beneficiaram diretamente Ednaldo, reforçam a percepção de uma provável influência indevida do Judiciário sobre a estrutura do futebol pátrio.
Sede paralela e liminares relâmpago
Desde 2022, a CBF mantém uma sede informal em Brasília voltada à fala jurídica e política. A unidade funcionaria porquê uma espécie de “QG” institucional, com foco em disputas judiciais estratégicas e em aproximação com esferas de poder.
Um dos episódios mais controversos foi o desbloqueio de R$ 52 milhões para o pagamento de uma indenização ao clube cearense Icasa. A liminar que autorizou o pagamento foi concedida em tempo recorde — somente um dia — embora, segundo dados do Parecer Pátrio de Justiça (CNJ), o tempo médio de tramitação no STJ seja de 55 dias. O jurista que obteve a liminar recebeu R$ 5,7 milhões, mesmo sem cláusula de sucesso contratual.
Pressão por CPI e novas reviravoltas jurídicas
As revelações acenderam o alerta no Congresso. Deputados articulam a geração de uma Percentagem Parlamentar de Sindicância (CPI) para investigar a gestão de Ednaldo e os vínculos entre a CBF e o meio político-jurídico. O deputado federalista Sargento Gonçalves (PL-RN), apoiador do requerimento de CPI, afirmou:
“Esta estrutura da CBF em Brasília é um sinal evidente de que a entidade está buscando influência direta no meio político e institucional. Isso pode valer lobby, pressão indevida e tentativa de moldar decisões públicas em obséquio de interesses privados.”
Apesar do suporte jurídico e político que vinha mantendo Ednaldo no função, ele foi novamente longínquo da presidência da CBF nesta semana, por decisão do desembargador Gabriel Zéfiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O magistrado apontou indícios de falsificação na assinatura do ex-presidente Antônio Carlos Nunes de Lima, utilizada para sustentar o entendimento que havia sido homologado por Gilmar Mendes e que mantinha Ednaldo no comando da entidade.
Porvir incerto
Com a novidade decisão judicial e o progressão das articulações para uma CPI no Congresso, o porvir da presidência da CBF permanece incerto. A crescente politização das disputas internas da entidade, somada à proximidade entre o Judiciário e figuras estratégicas da confederação, abre um debate quebradiço sobre os limites entre o público e o privado — e o papel do futebol porquê instrumento de poder no Brasil.
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