São Paulo — A região da Cracolândia, no meio de São Paulo, amanheceu nessa segunda-feira (12/5) sem o fluxo de dependentes químicos que costuma permanecer na região. Imagens da Rua dos Protestantes (veja inferior), onde se concentra a maior segmento do chamado fluxo, mostram o sítio vazio.
O lugar, que costuma ser ocupado por centenas de pessoas nas ruas, vinha passando por uma desocupação progressiva nos últimos dias. Segundo a ONG Craco Resiste, que atua na região, os usuários desapareceram de vestuário depois uma ação da Guarda Social Metropolitana (GCM) no início da noite de sábado (10/5), que teria empregado violência para fazer esse deslocamento.
“No sábado à noite, no término da tarde, guardas da GCM fizeram um galeria polonês empurrando o fluxo para perto da Favela do Gato e da Favela do Moinho. Quando chegamos cá, os guardas chegaram a fazer piada sobre isso, e nos disseram que eles tinham sido abduzidos. O pessoal da assistência social da própria Prefeitura estava revoltado porque precisava entregar medicação de tratamento para tuberculose para o pessoal que estava lá e os guardas não deixaram”, disse Roberta Costa, da Craco Resiste, ao Metrópoles.
A Prefeitura, mas, não confirma a informação. Procurado pelo Metrópoles, o inspetor da GCM Paulo Eduardo Breves disse que a GCM não tem informações sobre o que aconteceu com os usuários e que continua realizando atividades na região.
A versão da Craco é dissemelhante da relatada pelo empresário Charles Resolve, da Associação Universal do Núcleo. Ele narra que o fluxo vem reduzindo há um ano e meio. A saída dos usuários, segundo ele, é voluntária e acontece em razão da ação da Prefeitura na região. “Está sendo oferecido tratamento para eles e alguns estão indo embora porque eles estão vendo que está impossível eles fazerem uso de drogas cá na região. Portanto eles estão buscando outros locais.”
Charles nega que eles teriam sido direcionados para a Favela do Gato e disse que “alguns tentaram ir para o Moinho “, mas “o próprio pessoal da comunidade do Moinho” havia proibido a ingressão deles. Segundo o empresário, “eles estão em alguns pontos, assim, entre as ruas Apa, Mentor Neves, Guaianases e Barão de Piracicaba”. “Está disseminado em alguns bairros também, alguns foram para bairros”, disse.
Associação com a Favela do Moinho
O desaparecimento dos frequentadores da Cracolândia acontece depois o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ter feito uma publicação em seu perfil no X com uma fala sobre o término da Cracolândia. No trecho do vídeo, ele associa o fluxo de pessoas na região à Favela do Moinho.
“Estamos fazendo agora a ação no Moinho para dar pundonor para aquelas pessoas que moravam lá. Mas o Moinho funcionava também porquê uma fortaleza do tráfico de drogas. Lá dentro a gente tinha, inclusive, as antenas que faziam interceptação da notícia e rádio da polícia. Portanto, hoje, a gente tem entre 50 e 70 pessoas na Cracolândia. Aquela cena que a gente via já está ficando no pretérito e a gente vai chegar no final”, disse Tarcísio de Freitas em entrevista ao meio Tamanho FM, na última quarta-feira (7/5).
Na segunda-feira (12/5), o governo do estado deu início às demolições de imóveis da Favela do Moinho depois realizar o reassentamento de moradores. A mudança dos moradores da comunidade vem sendo meta de disputa entre lideranças locais e o estado.
A gestão Tarcísio, que tem planos de erigir um parque na região, argumenta que a favela é usada de QG para a venda de drogas que abastece a Cracolândia. Lideranças negam essa versão e criticam a política de reassentamento, que estaria sendo feita com pressão para moradores aderirem ao programa habitacional da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).
Reassentamento no Moinho
Uma vez que o território da Favela do Moinho pertence à União, o governo do estado não pode realizar ações de reintegração de posse.
A opção proposta pela gestão Tarcísio é um projecto de reassentamento, com adesão voluntária, gerido pela CDHU.
Os moradores podem optar pela Missiva de Crédito Associativa (CCA), em que estão disponíveis imóveis construídos, em construção, ou que já tenham ao menos as licenças emitidas, com tudo pronto para iniciar as obras.
Outra opção é a Missiva de Crédito Individual, na qual os cidadãos podem buscar unidades e apresentar para a CDHU, que fará uma avaliação de valor de mercado para seguir com a contratação.
Nas duas modalidades, o valor limite é de R$ 250 milénio para unidades na região meão e R$ 200 milénio para outros bairros ou municípios de SP.
O convenção inclui um auxílio de R$ 2.400 para mudança e um auxílio moradia mensal de R$ 800. Os apartamentos oferecidos deverão ser pagos pelos moradores por meio de um financiamento equivalente a 20% da renda mensal.
Segundo a autonomia, 87% das famílias da comunidade aderiram ao programa.
Entre essas famílias, 719 iniciaram o processo de adesão, de um totalidade de 821. Dessas, 558 já estão habilitadas, ou seja, já estão aptas a assinar contratos e receber as chaves logo que as unidades estiverem prontas.
Até agora, 496 já escolheram o imóvel de sorte para atendimento final, mesmo número que já iniciou o processo para recebimento de auxílio-moradia.
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