Com 96 anos de idade, a mana Maria de Oliveira Kley preserva uma trajetória marcada por fé, perseverança e serviço ao Reino de Deus. Ao lado do marido, o pastor Guilherme Eugênio Kley (in memoriam), ela participou ativamente de uma jornada missionária que resultou na instalação de mais de 200 igrejas em diversas regiões do Brasil, com destaque para o Espírito Santo.
Proveniente do estado capixaba, o parelha foi pioneiro na expansão das Assembleias de Deus em território vernáculo, superando desafios e levando a mensagem do Evangelho a comunidades em diferentes contextos sociais.
“Ele era muito respeitado por onde passava. Tinha orgulho de ser pastor e de edificar igrejas. Não conheci outro pastor que tenha edificado tantas quanto ele”, declarou Maria em entrevista à revista Sociedade.
Legado místico e comunitário
O trabalho do pastor Guilherme ultrapassou os limites da pregação e da instalação de templos. Seu nome foi reconhecido por autoridades locais com a nomeação de vias públicas em sua homenagem. Em Cachoeiro de Itapemirim, a rua onde se localiza uma das igrejas fundadas por ele recebeu o nome de Rua Guilherme Eugênio Kley. Já em Fundão, município também situado no Espírito Santo, uma rua no núcleo da cidade passou a se invocar Rua Pastor Guilherme Kley.
O reconhecimento também se estendeu à vida política. Guilherme chegou a ser eleito vereador no município de Fundão, mas optou por não exercitar o incumbência, escolhendo permanecer devotado exclusivamente à obra missionária.
Outrossim, duas escolas construídas por ele seguem em funcionamento na região. Essas instituições de ensino refletem o compromisso do parelha não somente com a evangelização, mas com a transformação social das localidades onde atuaram.
Espeque nos bastidores
Enquanto o pastor Guilherme se dedicava à pregação e à instalação de novas igrejas, Maria desempenhava um papel também fundamental, oferecendo guarida, discipulado e zelo aos novos convertidos.
“Eu não era de pregar, mas cuidava dos congregados. Quando chegava um recém-convertido, eu acompanhava, ajudava, levava para minha mansão, partilhava o pão. Era uma estação muito boa”, contou ela, refletindo a prática de Romanos 12:13: “Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade”.
Testemunho de zelo e vigilância místico
Entre os muitos episódios que evidenciam sua atenção aos detalhes da vida cristã, Maria recordou uma ocasião simbólica. Ao ver um irmão da fé saudá-la somente com um “boa tarde”, sem a costumeira saudação “A tranquilidade do Senhor”, ela sentiu que um tanto estava falso.
“Fui detrás dele, conversei e falei: ‘Irmão, o senhor está se desviando, não deu a tranquilidade do Senhor’. Fiquei ali com ele, conversando um pouco, e depois voltei para mansão”, relatou. Mais tarde, foi surpreendida pela visitante da esposa do varão, informando que ele havia retomado a leitura da Bíblia naquela mesma noite. Para Maria, pequenos gestos sempre foram instrumentos de zelo e exortação em paixão (Gálatas 6:1).
Provação e perdão
A passeio ministerial do parelha Kley também incluiu episódios de violência e superação. Em uma Sexta-feira da Paixão, ao assumirem uma congregação situada em uma região carente, sem chuva nem virilidade elétrica, foram surpreendidos durante um momento de reza por um varão armado com uma ripa de madeira.
Maria foi atingida no rosto e desmaiou. Socorrida pelo marido, foi atendida em uma farmácia lugar, onde teve o nariz tratado sem anestesia. “Foi doloroso, mas eu não senti dor. Deus me sustentou”, afirmou.
Duas semanas depois, o pastor Guilherme pediu a soltura dos agressores na delegacia, alegando que eles tinham filhos e precisavam de uma novidade oportunidade. O gesto de perdão e misericórdia tocou os envolvidos, que posteriormente se converteram ao Evangelho.
Esse testemunho reflete o princípio de Mateus 5:44: “Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem”.
Missão com alegria
Maria rememorou as inúmeras visitas que fez com o marido, levando palavras de fé e ânimo aos lares por onde passaram. “Era maravilhoso quando fazíamos as visitas juntos. Sempre levávamos uma vocábulo de fé e ânimo”, disse.
O parelha atuou junto até 1978, quando o pastor encerrou formalmente suas funções pastorais, sem, no entanto, largar o serviço cristão. Apesar dos desafios enfrentados, Maria vê a jornada com gratidão: “Passamos por muitos momentos difíceis, mas enfrentamos tudo com paixão. Foi uma bênção fazer a obra de Deus com alegria.”
Hoje, aos 96 anos, ela expressa satisfação por ter sido segmento de uma história que transformou centenas de vidas: “O que me alegra é saber que muitas vidas foram salvas por meio do trabalho do pastor Guilherme – e eu tive o privilégio de estar ao lado dele. Sou feliz até hoje”, concluiu.
https://goodprime.co/conheca-casal-fundou-200-assembleias-de-deus-127363/ / Manancial/Créditos -> Folha Gospel