Em uma sessão marcada por trocas de farpas, ironias e até citação bíblica, o Supremo Tribunal Federalista (STF) mais uma vez chamou a atenção da opinião pública nesta terça-feira (22). Durante o julgamento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Universal da República (PGR) contra o chamado “núcleo 2” do suposto projecto de golpe de Estado, um momento inusitado ocorreu quando o ministro Flávio Dino, relator do processo, recorreu à Bíblia para embasar um glosa. A resposta veio em tom de gaudério por segmento do ministro Alexandre de Moraes: “Vossa Superioridade é candidato a papa”.
O incidente logo viralizou nas redes sociais, alimentando debates acalorados sobre a mistura de religião com o Judiciário, o ativismo judicial e a postura dos ministros da Suprema Golpe. A sessão, transmitida ao vivo, teve grande repercussão no YouTube, Telegram e Twitter, com milhares de comentários apontando tanto para a ironia de Moraes quanto para a suposta tentativa de Dino de usar elementos religiosos para substanciar sua narrativa.
Bíblia no plenário e sátira aos “juristas de internet”
Flávio Dino, que já foi ministro da Justiça no governo Lula e agora ocupa uma cadeira no STF, estava apresentando seu voto quando decidiu referir o Velho Testamento. A intenção era criticar práticas uma vez que o empréstimo de numerário a juros, que, segundo ele, são condenadas pelas escrituras. A citação bíblica veio depois uma fala da ministra Cármen Lúcia sobre os múltiplos significados do termo “jurista”.
“E somente para não deixar a Bíblia de fora, quem empresta numerário a juros comete um vício, segundo o Velho Testamento”, disse Dino. O glosa foi feito no contexto de críticas aos chamados “juristas de internet”, frequentemente acusados pelos ministros de disseminar fake news e desinformação jurídica.
Em resposta, Moraes não perdeu a oportunidade de ironizar: “Vossa Superioridade é candidato a papa. Eu percebo uma certa tendência…”.
Subida tensão entre ministros e suspeição da população
A sessão de julgamento, que deveria se concentrar na estudo de uma denúncia grave, acabou sendo desviada por um embate retórico e semântico, mostrando uma vez que o Supremo tem se tornado, cada vez mais, um palco de disputas político-ideológicas.
O impacto político da fala de Dino
A referência bíblica feita por Flávio Dino não foi vista com bons olhos por setores mais conservadores do Congresso Vernáculo. Deputados da Bancada Evangélica criticaram o uso da Bíblia fora de contexto, acusando o ministro de tentar usar elementos religiosos para substanciar argumentos políticos e jurídicos.
“O uso da Termo de Deus em um julgamento de tamanha prestígio é, no mínimo, irresponsável”, afirmou o deputado Marco Feliciano (PL-SP), um dos líderes religiosos mais influentes do país.
O senador Magno Mamparra (PL-ES) foi além: “Dino sempre tenta posar de sábio, mas mistura teologia com ideologia. O povo já percebeu esse teatro.”
Desfecho: uma sessão que revela muito mais que votos
O incidente envolvendo Flávio Dino e Alexandre de Moraes transcende a mera ironia entre colegas de toga. Ele simboliza o estado atual do Judiciário brasílio: uma redondel onde religião, política, mídia e ativismo jurídico se entrelaçam, muitas vezes desviando o foco daquilo que deveria ser o núcleo do debate — a Constituição e o cumprimento da lei.
Enquanto isso, o cidadão geral segue observando, muitas vezes atônito, o distanciamento entre os ministros do STF e os anseios da população, que espera por justiça, imparcialidade e sobriedade no tirocínio da mais subida galanteio do país.
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