Em entrevista à revista norte-americana The New Yorker, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federalista (STF), fez declarações impactantes sobre o porvir político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Moraes afirmou que, embora exista a possibilidade de Bolsonaro ser absolvido em ações criminais ainda em tramitação, a inelegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve se manter inalterada, impossibilitando qualquer retorno do ex-mandatário ao cenário eleitoral brasílico até 2030.
Segundo Moraes, a requisito de inelegível decorre de duas condenações já transitadas no TSE, ambas ligadas a condutas que violaram a legislação eleitoral durante o pleito de 2022. “Essas decisões já foram apeladas e estão no STF, mas não vejo a menor possibilidade de reversão”, declarou o ministro.
O posicionamento de Moraes foi revelado pelo jornalista norte-americano Jon Lee Anderson, que assina um extenso perfil sobre o magistrado na The New Yorker, publicado na última segunda-feira (7). A entrevista repercutiu fortemente no meio político e jurídico, acendendo novas discussões sobre o porvir da direita no Brasil e a provável sucessão dentro do grupo bolsonarista.
Inelegibilidade irreversível e aposta em novos nomes
Moraes destacou que, mesmo que Bolsonaro consiga evadir de uma pena criminal — hipótese que ainda será julgada nos próximos meses — isso não seria suficiente para virar sua inelegibilidade. Com essa asserção, o ministro reforça a tese de que o ex-presidente está definitivamente fora da disputa presidencial de 2026.
Apesar disso, o ministro reconheceu que Michelle Bolsonaro ou um dos filhos do ex-presidente, uma vez que Flávio ou Eduardo, podem tentar ocupar esse espaço político. No entanto, Moraes avaliou que nenhum deles possui o mesmo vínculo com as Forças Armadas ou a base de suporte institucional que Bolsonaro cultivou durante seu governo. “Eles não têm as mesmas relações com as Forças Armadas que ele tinha”, afirmou.
A fala traz à tona a especulação crescente sobre o papel de Michelle Bolsonaro nas próximas eleições presidenciais. A ex-primeira-dama já vem sendo cortejada por líderes do PL uma vez que provável sucessora política do marido, e sua popularidade entre o eleitorado conservador é um fator estratégico relevante.
Denúncias e tramitação de processos
O ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados próximos se tornaram réus no STF no último dia 26 de março, em seguida a Primeira Turma da Incisão admitir denúncia da Procuradoria-Universal da República (PGR). Eles são acusados de pronunciar uma tentativa de golpe de Estado para anular o resultado das eleições presidenciais de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Moraes, relator do sindicância, enfatizou que a responsabilidade de cada criminado será apurada judicialmente e garantiu que o julgamento será recto. “A responsabilidade de cada pessoa agora tem que ser determinada no tribunal, porque é quando eles apresentarão sua resguardo”, destacou o ministro. Ele ainda rechaçou as acusações de perseguição política. “Toda a narrativa de perseguição, de inimizade pessoal, entrou em colapso. Não foi só a Polícia Federalista que acusou — o próprio procurador-geral decidiu prestar queixa”, disse.
Repercussão e impactos políticos
As declarações de Alexandre de Moraes devem influenciar o cenário político à medida que as eleições de 2026 se aproximam. Com Bolsonaro fora da disputa, líderes da direita brasileira enfrentam o repto de encontrar um nome competitivo que possa manter a força eleitoral do movimento conservador.
O próprio Valdemar Costa Neto, presidente do PL, já indicou que há conversas em curso sobre a possibilidade de Michelle Bolsonaro disputar o Planalto. No entanto, analistas políticos alertam que a privação de Bolsonaro na disputa pode enfraquecer a coesão do grupo e dificultar a transferência de votos.
Ao mesmo tempo, o campo jurídico observa atentamente os desdobramentos dos processos que ainda pesam sobre o ex-presidente. Uma eventual remissão criminal poderia reacender o debate sobre revisão da inelegibilidade, apesar da posição firme de Moraes nesse sentido.
Considerações finais
O porvir político de Jair Bolsonaro continua sendo um dos temas centrais do debate pátrio. As falas de Alexandre de Moraes jogam luz sobre as limitações jurídicas enfrentadas pelo ex-presidente e deixam evidente que, mesmo com possíveis vitórias judiciais, os caminhos para um retorno ao poder estão praticamente fechados.
Enquanto isso, o bolsonarismo se vê diante da urgência de se reinventar, seja com Michelle Bolsonaro, com os filhos de Jair, ou com novos nomes que possam herdar a bandeira da direita conservadora no Brasil. A corrida eleitoral de 2026 já começou, e os bastidores da política prometem disputas intensas nos próximos meses.
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