A balança mercantil da Argentina alcançou um superávit histórico de 18,89 bilhões de dólares em 2024 (murado de R$ 116,9 bilhões). Esse resultado foi impulsionado pela redução das importações, revérbero da recessão econômica, e pelo aumento das exportações agropecuárias, favorecidas posteriormente a seca do ano anterior.
De consonância com o Instituto Pátrio de Estatísticas (Indec), em 2024 o país exportou US$ 79,72 bilhões (R$ 493,6 bilhões) e importou US$ 60,82 bilhões (R$ 376,5 bilhões). Até logo, o maior superávit mercantil registrado na Argentina havia sido de 16,88 bilhões de dólares em 2009 (R$ 29 bilhões). Em contrapartida, 2023 terminou com um déficit de 6,9 bilhões de dólares (R$ 33,4 bilhões).
“Durante o primeiro ano de gestão, a balança mercantil apresentou um saldo positivo de 18,89 bilhões de dólares”, celebrou o Ministério da Economia na plataforma X.
As exportações argentinas tiveram um aumento de 19,4% em relação ao ano anterior, impulsionadas por produtos primários (+27%) e manufaturas agropecuárias (+24%), posteriormente a severa seca enfrentada em 2023. No entanto, especialistas apontam que o superávit também se deve à significativa redução das importações, que caíram 17,5% no comparativo anual, em um contexto de recessão econômica.
“O superávit mercantil é resultado da profunda recessão vivida pela Argentina, que reduziu drasticamente as importações”, avaliou o economista Pablo Tigani em entrevista à AFP.
Segundo o Meio de Economia Política Argentina (CEPA), o superávit foi explicado tanto pela queda nas importações devido à menor atividade econômica quanto pelo aumento das exportações, principalmente agrícolas. Hernán Letcher, diretor do CEPA, destacou à AFP que, entre dezembro de 2023 e maio de 2024, houve “um superávit mercantil significativo, impulsionado pela desvalorização cambial e pela redução das importações, o que permitiu ao Banco Mediano aglomerar dólares”.
O Brasil permanece porquê principal parceiro mercantil da Argentina, respondendo por 17,1% das exportações e 23,6% das importações do país.
No primeiro ano do governo de Javier Milei, a inflação foi reduzida de 211% para 117%, e o país alcançou o primeiro superávit fiscal anual em 14 anos. Porém, esses avanços econômicos tiveram custos sociais elevados, incluindo recessão, perda de centenas de milhares de empregos e um aumento da pobreza para mais de 50% no primeiro semestre de 2024, embora com sinais de queda nos últimos meses.
Por AFP