Agentes da Companhia de Saneamento Imprescindível do Estado de São Paulo (Sabesp) encontraram um bueiro entupido com centenas de pinos de plástico — normalmente usados para a comercialização de drogas porquê a cocaína –, em Santos, no litoral de São Paulo. Imagens feitas na última sexta-feira, 3, mostram o estado que o poço de visitante da Sabesp foi encontrado pelos funcionário.
O lugar, que fica no interceptação entre as avenidas Waldemar Leão com a Rangel Pestana, é usado para vistorias e manutenções na rede de esgoto de Santos. Além dos pinos, foi encontrada uma garrafa de bebida alcoólica no lugar. As fotos foram compartilhadas pelo vereador de Santos, Benedito Furtado (PSB) nas redes sociais.
Para o parlamentar, a situação revela o transe da poluição da chuva na cidade pela cocaína, além de revelar a dimensão do consumo de drogas.
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“Eu fiquei perplexo. É rotina a gente ver pino de cocaína pelas ruas jogados, você encontra na margem dos canais, no jardim [da praia], você encontra em tudo quanto é lugar. Quando chove, isso é levado para os bueiros, para as bocas de lobo, que despejam nos canais, e que obviamente vão poluir nossas praias, e às vezes, são ingeridos pelos animais marinhos”, comentou Furtado.
“A surpresa foi saber que as pessoas estão colocando esses pinos no sistema de esgoto, ou seja, dentro dos vasos sanitários. Isso é muito triste, é dramático, e mostra a proporção do consumo de cocaína, é alarmante”, completou o vereador.
A Sabesp informou que realizou, na manhã de sexta-feira, 3, a manutenção no sistema de esgoto entre as avenidas Waldemar Leão e Rangel Pestana, em Santos, solucionando o problema em questão. “A Companhia alerta que o descarte incorreto de materiais – porquê embalagens plásticas, lenços, cotonetes, preservativos, gordura, entre outros – por meio de vasos sanitários, pias ou tanques, prejudica o funcionamento das redes coletoras. Lugar de lixo é no lixo”, diz a nota.
A Sabesp também informou que realiza regularmente a limpeza das tubulações na Baixada Santista, removendo resíduos dos sistemas de esgotamento sanitário por meio dos poços de visitante para prometer o seu funcionamento adequado.
Contaminação por cocaína
Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade Federalista de São Paulo (Unifesp), divulgada em abril de 2024, revelou um grave problema ambiental na baía de Santos: a contaminação da chuva, sedimentos e organismos marinhos por cocaína. Esse contaminante emergente tem causado efeitos preocupantes na fauna aquática, principalmente em mexilhões-marrons (Perna perna), ostras de mangue (Crassostrea gasar) e enguias, segundo os pesquisadores.
O estudo, levado com esteio da Instalação de Arrimo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), foi apresentado pelo professor Camilo Dias Seabra durante a FAPESP Week Illinois, nos Estados Unidos. A pesquisa também contou com a colaboração de cientistas da Unisanta (Universidade Santa Cecília). Os resultados mostraram que a cocaína está presente em concentrações significativas na chuva superficial da baía e em organismos marinhos, porquê mexilhões.
Desde 2017, os pesquisadores monitoraram os níveis de cocaína na chuva do mar da região. Durante o Carnaval, período de subida movimentação turística, foi identificado um aumento significativo na concentração da droga, mas monitoramentos posteriores revelaram que a contaminação persiste ao longo do ano. Ou por outra, análises laboratoriais mostraram que mexilhões-marrons acumulam a droga em níveis mais de milénio vezes superiores à concentração da chuva.
Esse acúmulo tem impactos profundos: os mexilhões expostos apresentam alterações neuroendócrinas que podem afetar seu sistema reprodutivo, enquanto enguias têm sua formação de óvulos (ovogênese) e produção de hormônios (esteroidogênese) comprometidas. Ostras de mangue, por sua vez, sofrem efeitos citotóxicos e genotóxicos devido à exposição à benzoilecgonina, um metabólito da cocaína.
Os resultados indicam que frutos do mar provenientes da baía de Santos podem estar contaminados por cocaína, além de outros medicamentos detectados, porquê ibuprofeno e paracetamol. O consumo desses organismos pode simbolizar um risco indireto à saúde humana, embora a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) tenha afirmado que as concentrações detectadas não representam transe subitâneo para banhistas.
Natividade/Créditos: Terreno
Créditos (Imagem de cobertura): Foto: Reprodução/Redes sociais