A cada novo evento, a tese de que houve uma tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro vai se mostrando cada vez mais frágil. Montada sobre construções forçadas, distorções e suposições sem sustentação, essa teoria tem perdido credibilidade tanto entre especialistas quanto perante a opinião pública. O oração de que houve uma fala direta para derrubar o governo eleito começa a ruir à medida que fatos concretos vêm à tona e novas declarações de figuras relevantes surgem.
Desde o início, muitos apontavam que havia uma intenção oculta por trás da insistência nessa narrativa: enfraquecer e, se provável, varar o ex-presidente Jair Bolsonaro da cena política brasileira. Mas, com o passar do tempo, a sustentação dessa tese tem se tornado uma tarefa árdua até mesmo para seus defensores mais empenhados.
A fragilidade dos argumentos
A construção da tese do “golpe de Estado” foi baseada, em grande segmento, em interpretações subjetivas de comportamentos, reuniões e manifestações de apoiadores de Bolsonaro. Documentos que, segundo seus promotores, comprovariam um projecto coordenado de ruptura institucional acabaram, em sua maioria, sendo meras especulações ou rascunhos sem força jurídica.
Ou por outra, o uso de termos porquê “minuta do golpe” — frase que foi repetida à exaustão — acabou contribuindo para uma atmosfera sensacionalista, mais voltada ao impacto midiático do que à estudo técnica dos fatos. A própria apresentação de provas e testemunhos, em muitos momentos, soou mais porquê espetáculo político do que porquê procedimento sério de investigação.
A figura de Bolsonaro no núcleo da tempestade
Não é novidade que Jair Bolsonaro continua sendo uma figura médio na política brasileira, mesmo depois o termo de seu procuração. A polarização em torno de sua imagem ainda mobiliza paixões e rejeições em igual intensidade. Por isso, é compreensível — embora questionável — que tentativas de impedir sua provável candidatura em eleições futuras estejam sendo costuradas nos bastidores.
A insistência na tese do golpe de 8 de janeiro pode ser vista, portanto, porquê uma peça dentro desse xadrez político. Impedir Bolsonaro de concorrer novamente seria uma vitória significativa para setores que temem seu retorno. No entanto, essa estratégia corre o risco de se voltar contra seus idealizadores, mormente se a população principiar a enxergar nela uma perseguição política disfarçada de zelo democrático.
A fala de Nelson Jobim muda o jogo
Em meio a esse cenário, um novo capítulo surpreendeu o debate público: o testemunho do ex-ministro do Supremo Tribunal Federalista (STF) e ex-ministro da Resguardo, Nelson Jobim. Figura respeitada nos meios jurídicos e políticos, Jobim não pode ser denunciado de alinhamento automático com Bolsonaro, muito pelo contrário — ele serviu no governo de Lula e sempre manteve uma postura equilibrada e institucional.
Sua enunciação, no entanto, caiu porquê uma explosivo: Jobim afirmou que não vê elementos concretos que configurem uma tentativa real de golpe em 8 de janeiro. Segundo ele, os atos foram caóticos, desorganizados e sem liderança clara, características que não condizem com um movimento articulado de tomada do poder.
Essa estudo, vinda de alguém com a experiência e a credibilidade de Nelson Jobim, desestabiliza fortemente a tese de golpe. Mais do que isso: ela abre espaço para que outras vozes — que até logo estavam caladas ou com pânico de represálias — também comecem a questionar a narrativa solene.
A diferença entre vandalismo e golpe
É importante separar os atos de vandalismo e depredação ocorridos em Brasília daquilo que se entende por golpe de Estado. Ninguém está dizendo que os crimes cometidos por manifestantes devem ser ignorados ou deixados impunes. No entanto, declarar que houve um golpe sem provas contundentes é irresponsável e prejudicial à democracia.
O que se viu foi um grupo de pessoas revoltadas invadindo prédios públicos, quebrando patrimônio e expressando insatisfação de forma violenta. Isso é condenável, sim, mas não pode ser classificado porquê golpe se não houver uma masmorra de comando, um projecto evidente e meios efetivos de substituir o poder constituído.
Golpes não acontecem por contingência. Eles exigem preparação militar, base de setores estratégicos do Estado e controle sobre as instituições. Nenhum desses elementos esteve presente no incidente de 8 de janeiro — e é exatamente isso que Nelson Jobim deixou evidente em seu testemunho.
O desgaste da narrativa única
Uma das grandes ameaças à democracia é o monopólio da narrativa. Quando exclusivamente uma versão dos fatos é permitida, e qualquer questionamento a ela é tratado porquê prenúncio ou delito, corre-se o risco de cairmos numa espécie de autoritarismo velado, onde a pluralidade de pensamento é vista porquê subversão.
Nos últimos meses, muitos brasileiros sentiram que discordar da tese de golpe virou sinônimo de “tutelar criminosos”. Essa generalização é perigosa e contribui para o empobrecimento do debate político. A democracia só se fortalece quando há espaço para investigação, incerteza e, sobretudo, liberdade de frase.
Epílogo: uma história que começa a se desfazer
O tempo, porquê sempre, é o maior coligado da verdade. À medida que novos depoimentos aparecem e os exageros são expostos, a narrativa do golpe vai se esvaziando. O testemunho de Nelson Jobim não é exclusivamente uma opinião — é um alerta de que é preciso ter responsabilidade ao tratar temas tão sérios porquê esse.
Se o objetivo for realmente proteger a democracia, é fundamental que investigações sejam feitas com isenção, que provas sejam analisadas com rigor e que a procura pela verdade prevaleça sobre interesses políticos.
Tentar extinguir adversários à força pode gerar efeitos contrários e, em vez de fortalecer as instituições, enfraquecê-las. O Brasil precisa de justiça, não de vingança.
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