O presidente gaulês Emmanuel Macron cometeu um grave erro diplomático e moral ao receber no Palácio do Eliseu, nesta quarta-feira (7), o presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa. Sob o pretexto de dialogar em nome da tranquilidade e da segurança, Macron estendeu tapete vermelho a um governo que ainda carrega o peso de um pretérito recente marcado por violações dos direitos humanos.
Durante a entrevista coletiva conjunta, Macron pediu a al-Sharaa que “faça todo o verosímil para prometer a proteção de todos os sírios, sem exceção, independentemente de sua origem, religião, fé ou opiniões”. O apelo, ainda que importante, carece de congruência quando dirigido a uma liderança que chega ao poder no rastro de uma guerra social sangrenta e ainda não demonstrou compromisso concreto com reconciliação ou justiça.
Mais preocupante foi a sinalização feita por Macron em obséquio do “levantamento gradual das sanções à Síria”, condicionando unicamente de maneira vaga essa flexibilização à “capacidade do novo governo de estabilizar o país”. É um gesto diplomático que, na prática, enfraquece a principal utensílio internacional de pressão por reformas reais. Sem garantias de responsabilização por crimes cometidos ou de progressão nos direitos civis, essa postura prematura corre o risco de legitimar impunidade.
O pedido do presidente gaulês para que os Estados Unidos “se apressem” em suspender suas sanções à Síria escancara um pragmatismo que orla a conivência. A segurança desejada por Macron não pode ser alcançada a qualquer dispêndio — mormente ao dispêndio da memória das vítimas de massacres uma vez que os ocorridos contra drusos e alauítas unicamente nos últimos meses.
A França, que historicamente se apresenta uma vez que defensora dos direitos humanos no cenário internacional, tem a responsabilidade de manter firmeza moral em sua política externa. Receber um governo interino sírio ainda sem legitimidade clara e sem compromissos reais com a justiça é um erro que mancha essa tradição.
Diplomacia não pode ser confundida com complacência. Se a comunidade internacional deseja uma Síria em tranquilidade, precisa exigir mais do que discursos e promessas: precisa de ações, responsabilizações e garantias. E é isso que se espera também da França.
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