A tensão institucional entre o Supremo Tribunal Federalista (STF) e o Congresso Vernáculo voltou ao meio do debate político brasiliano. Em foco, está a delicada questão da isenção parlamentar — um pilar da democracia que vem sendo testado por ações recentes do Judiciário e respostas contundentes da Câmara dos Deputados.
Ramagem e a Novidade Crise de Poderes
O incidente mais recente envolve o deputado federalista Alexandre Ramagem (PL-RJ), indiciado de integrar uma suposta fala para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder, em seguida as eleições de 2022. Em uma votação expressiva, a Câmara decidiu suspender o curso do processo contra Ramagem, com 315 votos favoráveis e 143 contrários. A medida foi imediatamente promulgada pelo presidente da Mansão, Hugo Motta (Republicanos-PB), e já está em vigor — sem urgência de passar pelo crivo do Senado.
Essa reação do Legislativo é interpretada por muitos porquê uma resposta direta às decisões recentes do STF, que anteriormente processou, prendeu e cassou o procuração de Daniel Silveira, além de suspender sete parlamentares eleitos em 2022 por conta de uma controvérsia envolvendo as chamadas “sobras eleitorais”.
O Que é Isenção Parlamentar?
A Constituição Federalista garante aos deputados e senadores o recta à isenção parlamentar — um conjunto de prerrogativas que protege os parlamentares no tirocínio de suas funções. O objetivo é permitir que eles cumpram seus mandatos com independência, liberdade de frase e sem pavor de represálias políticas ou judiciais.
Essa isenção é dividida em duas categorias: a isenção material, que protege o parlamentar por suas opiniões, palavras e votos relacionados ao procuração; e a isenção formal, que trata das restrições quanto à prisão e ao processo criminal de deputados e senadores, exigindo autorização do Legislativo em alguns casos.
Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a isenção material está prevista no item 53 da Constituição e é considerada cláusula pétrea — ou seja, não pode ser abolida nem por emenda constitucional. Trata-se de uma proteção de ordem pública, que impede responsabilização social e penal do parlamentar por manifestações ligadas ao procuração.
A Independência do Legislativo em Xeque?
A ofensiva do STF em casos envolvendo parlamentares tem sido criticada por setores da sociedade, mormente por juristas e congressistas que veem nas ações judiciais uma ameaço à separação entre os Poderes. Para esses críticos, há um risco crescente de “judicialização da política” — onde decisões de cunho político e institucional estão sendo tratadas no contextura judicial, muitas vezes com efeitos imediatos sobre mandatos populares.
Para os defensores do Judiciário, no entanto, o STF estaria somente cumprindo seu papel de guardião da Constituição, agindo em face de possíveis atentados à ordem democrática e ao Estado de Recta. Ainda assim, a crescente mediação do Supremo em temas políticos tem provocado desconforto, principalmente quando decisões afetam diretamente o funcionamento do Congresso.
A Reação da Câmara: Autodefesa ou Confronto?
A decisão de barrar o processo contra Alexandre Ramagem simboliza uma tentativa da Câmara dos Deputados de resgatar sua autonomia. Para os parlamentares favoráveis à suspensão do processo, trata-se de um ato legítimo de proteção institucional, diante de uma suposta extrapolação de competências por secção do Judiciário.
Já para os que se opuseram à medida, o gesto pode simbolizar um perigoso precedente, abrindo caminho para a impunidade. O debate é amornado: de um lado, o saudação à independência dos Poderes; do outro, a preocupação com a responsabilização de figuras públicas envolvidas em possíveis crimes contra a democracia.
Daniel Silveira e a Origem da Tensão
O caso de Daniel Silveira foi um dos marcos dessa crise entre o Legislativo e o STF. Silveira foi recluso por ordem do ministro Alexandre de Moraes, em seguida a publicação de vídeos com ataques aos ministros do Supremo. Posteriormente, teve o procuração cassado pela própria Câmara, em seguida intensa pressão da opinião pública e decisões judiciais.
Naquele momento, muitos interpretaram a ação do STF porquê uma reação proporcional a uma ameaço institucional. Outros, porém, apontaram que o Supremo estaria ultrapassando os limites da sua função, invadindo competências legislativas e desconsiderando as garantias constitucionais dos parlamentares.
A Isenção Não é Absoluta — Mas É Principal
É importante evidenciar que a isenção parlamentar não é sinônimo de impunidade. Ela existe para proteger o procuração e a atuação política dos parlamentares, e não para blindar atos criminosos. Todavia, a definição do que se encaixa ou não dentro dessa proteção é o ponto mediano da atual disputa entre os Poderes.
Se a isenção for relativizada ao extremo, corre-se o risco de tornar os deputados e senadores reféns do Judiciário. Por outro lado, se for interpretada de forma abusiva, pode se transformar em escudo para práticas ilegais. O estabilidade é frágil e exige maturidade institucional.
Caminhos para o Estabilidade Democrático
Diante desse cenário, a pergunta que ecoa é: porquê prometer a responsabilização de autoridades sem comprometer a liberdade e a independência dos Poderes? O caminho parece estar na definição clara das competências constitucionais, na preservação do devido processo legítimo e no fortalecimento do diálogo entre as instituições da República.
A democracia brasileira exige que os Poderes da União atuem com saudação reciprocamente e estabilidade. A tensão entre o STF e a Câmara, embora preocupante, pode também ser uma oportunidade para discutir com mais profundidade os limites e as garantias que sustentam nossa democracia.
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