Quase metade dos doentes de cancro que dependem do SUS não consegue ter o diagnóstico ou principiar o tratamento no prazo determinado por lei.
O pranto do José Carlos é de revolta e tristeza. Na segunda-feira (28), a Edilane, mãe dele, precisou ser internada em Saquarema, litoral do Rio de Janeiro. Nesta quinta-feira (1º), o rebento conseguiu uma transferência para o Hospital da Marinha, na capital.
A agonia da Edilane começou com uma falta de ar em abril de 2024. Foi de um médico para outro, fez exames – tudo pelo SUS – e o diagnóstico só veio quase um ano depois: cancro de pulmão. Mas ela ainda não conseguiu passar pela consulta com o oncologista, que vai definir o tratamento no Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói.
A primeira consulta com ela vai ser agora dia 4 de julho. A chance de não está mais cá para fazer a consulta é significativa”, diz o técnico de enfermagem José Carlos do Carmo Jr.
Há mais de nove meses, a assistente jurídica Carmen Célia Rodrigues da Costa está detrás de uma cirurgia pelo SUS. Os exames feitos na metade de 2024 no Hospital Santa Marcelina, em São Paulo, comprovaram que ela tem tumor no rim. A cirurgia vai retirar o tumor, que será analisado para confirmar se ela tem cancro ou não.
“Dá uma metástase, pode intercorrer nesse tempo todo que eu estou esperando”, diz.
Ninguém deveria esperar tanto tempo para saber que tem cancro e se tratar. E isso é previsto em duas leis federais. Uma determina que o diagnóstico tem que ser feito no prazo supremo de 30 dias. Outra, dá até 60 dias para o início do tratamento. Mas, na prática, não é o que vem acontecendo.
Um levantamento do Instituto Oncoguia, que dá escora e orientações a pacientes com a doença, mostra que, de 2018 a 2022, 42% dos casos foram descobertos com demorado e 46% começaram a se tratar depois do prazo supremo. 71% dos pacientes com cancro de próstata esperaram mais do que prevê a lei pelo início do tratamento nos últimos três anos. 65% dos que tinham cancro de seio também não viram a lei ser respeitada.
“Em alguns lugares, um tratamento que poderia estar curando, não está curando. Um tratamento que poderia estar oferecendo tempo com qualidade de vida, não está oferecendo”, afirma Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que o governo federalista está desenvolvendo um novo padrão para ampliar as parcerias com hospitais privados, operadoras de planos de saúde e estruturas da medicina suplementar para estugar o chegada a consultas especializadas, exames e cirurgias.
“A intenção do ministério é leste ano já, leste ano começarmos essas parcerias. Seja contratação da capacidade ociosa pelo ministério, pelos estados e pelos municípios, seja a utilização dessas estruturas privadas para atender pacientes do Sistema Único de Saúde”, diz o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
A médica oncologista Marina Saad lembra que a vagar no tratamento pode valer mais dificuldade para o paciente:
“Vai precisar de mais tratamentos. Uma paciente que vai parar de trabalhar por um período mais longo. Portanto, é uma cascata de impactos econômicos para o país. Não é só o gasto a mais que tem naquele serviço”.
O Hospital Universitário Antônio Pedro disse que a Edilane está sendo acompanhada desde dezembro; que ela já fez os exames e que a próxima consulta será em julho.
O Hospital Santa Marcelina afirmou que a Carmen precisou de exames complementares por motivo de comorbidades e que a cirurgia deve ser nos próximos 15 dias.
Natividade/Créditos: G1
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