Abandono em massa: técnicos fogem da pasta de Simone Tebet

Dos seis secretários que compunham a cúpula técnica do Ministério do Planejamento e Orçamento no início do governo Lula, restou somente um. Dois anos e quatro meses em seguida o início da gestão, Gustavo Guimarães é o único remanescente da equipe original que acompanhava Simone Tebet. A debandada generalizada escancara os problemas internos da pasta e o desgaste da ministra, que perdeu pedestal técnico e político dentro do governo.

A saída mais recente foi a de Sérgio Firpo, que vinha reclamando da dificuldade em transformar revisões e diagnósticos em políticas efetivas. O caso dele é somente mais um entre tantos que apontam para o mesmo problema: o imediatismo do governo Lula e a falta de espaço para projetos de médio e longo prazo. Técnicos têm relatado frustração diante da transporte improvisada das políticas públicas, cada vez mais dominadas por critérios políticos.

Apesar do reconhecimento por prometer autonomia à equipe técnica, Tebet tem enfrentado um isolamento crescente. A ministra, que foi peça-chave no segundo vez das eleições de 2022, perdeu espaço para figuras porquê Gleisi Hoffmann e Rui Costa, que controlam com mão de ferro as principais articulações do governo. O Planejamento, antes estratégico, virou coadjuvante sob a sombra do autoritarismo petista.

A dificuldade do governo em manter nomes técnicos qualificados revela o descompromisso com a seriedade na gestão. Ex-integrantes da equipe de Tebet seguiram caminhos diversos: alguns foram para o setor privado, outros voltaram a seus cargos de origem. A falta de segurança interna também compromete a credibilidade do ministério diante de investidores e parceiros internacionais.

Com somente Gustavo Guimarães ainda no missão, o Ministério do Planejamento tenta manter o mínimo de perpetuidade. Mas a instabilidade causada pelo envolvente político dominador, somada à concentração das decisões no Palácio do Planalto, torna quase impossível qualquer progresso real. O desmonte da equipe de Tebet é mais um retrato do caos administrativo no governo Lula.