Após aprender a ler e a escrever aos 85 anos, mulher de 91 é caloura de faculdade de nutrição

O bate-papo no galeria, aquele indiferente na ventre de reiniciar, de saber os novos colegas. O primeiro dia de lição é inolvidável. Para quem tem 91 anos portanto… Iolanda Ribeiro Conti está começando a faculdade de nutrição.

“Batendo o coração poderoso, conta.

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Ela já conquistou a turma da faculdade de nutrição.

“Se eu chegar aos 91 anos com essa lucidez, essa vontade, essa alegria, minha vida está feita”, afirma o estudante Bruno Pereira.

“Ela vai nos ensinar coisas, e a gente vai ensinar coisas para ela. E vai um complementar a outra”, diz a estudante Vitória Silva.

Parece que a primeira lição dessa turma quem deu foi Iolanda: sonho não tem idade. E outra coisa que ela ainda vai ensinar é que sonho não tem limite. Não faz muito tempo que essa universitária realizou outro libido de uma vida inteira. Iolanda só aprendeu a ler e a redigir aos 85 anos. A Sônia Rogério foi a primeira professora da Iolanda.

“Geralmente, os alunos mais idosos chegam com um objetivo muito mais curtinho: querem aprender para ler a Bíblia, querem aprender para estudar com filhos, netos. Dona Iolanda não. Aos poucos, durante as aulas, ela abriu o sonho: eu quero ser nutricionista”, conta a professora Sônia Rogério.

A filha Vera Lucia Ribeiro Conti é que fez a matrícula na EJA, Ensino de Jovens e Adultos em Guarulhos, na Grande São Paulo.

Ela tinha essa tristeza, essa amargura. Muitas vezes, nós saímos com ela, ela queria comprar alguma coisa, ela tinha que colocar o dedão. Ela começou a aprender a redigir o nome dela, ela ficou muito feliz. Porque é uma realização”, conta era Lucia Ribeiro Conti, filha da Iolanda.

Era o início da vida escolar da moça que começou a trabalhar na roça aos 8 anos. Ela cresceu, se casou, criou quatro filhos. Nunca sobrou tempo para os livros. Agora, até o corpo teve que aprender a estudar.

“Quando eu peguei o lápis, ficou pesado na minha mão. E aí eu falei para ela: ‘Não aguento segurar o lápis’. Ela falou: ‘Não, Dona Iolanda. Quando a mão está pesada, a gente trabalha muito, a mão fica dissemelhante’”, conta a estudante universitária Iolanda Ribeiro Conti.

Ela se adaptou rápido.

“Palato de ler, palato de fazer conta, palato de descrever numerário. Primeiro, gente do firmamento, eu ia na feira não sabia o preço das coisas. Zero, zero, zero, entendeu? Depois que eu entrei na escola que eu aprendi”, conta Iolanda.

A formatura no ensino médio em dezembro de 2024. O vídeo da formatura fez tanto sucesso que Iolanda ganhou uma bolsa integral para fazer faculdade.

“Eles fizeram surpresa para mim lá na escola, tudo na hora de receber surpresa. Reuniram todos os meus colegas que estudaram comigo. Aí eu fui e eles: ‘Iolanda, Iolanda’. Desse jeito. Sempre tem alguma coisa a mais para aprender quando a pessoa quer”, diz Iolanda.

Agora que chegou até cá, ela não para por zero.

“Deus me dando saúde, eu vou em frente. Querer é poder. Quando a gente quer, a gente alcança. Só passar detrás”, afirma Iolanda.