Logo em seguida a Meta anunciar, nessa terça-feira (7), mudanças na sua política de moderação de conteúdos para se adequar ao governo do presidente eleito dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, a empresa que controla o Facebook, o Instagram e o Whatsapp modificou os critérios utilizados para remover conteúdos com oração de ódio nas plataformas nos EUA, autorizando insultos e pedidos de exclusão de grupos em debates sobre imigrantes, homossexuais e transgêneros.
O texto atualizado no site da Meta para língua inglesa dos EUA cita uma série de comportamentos de usuários que passarão a ser permitidos, incluindo insultos de caráter homofóbicos, transfóbicos, xenófobos ou mesmo misóginos, considerando o contexto de termo de relacionamentos. A misoginia é o ódio ou aversão às mulheres, já a xenofobia é o ódio ao estrangeiro.
“[As pessoas] pedem exclusão ou usam linguagem insultuosa no contexto de discussão de tópicos políticos ou religiosos, uma vez que ao discutir direitos transgêneros, imigração ou homossexualidade. Finalmente, às vezes as pessoas xingam um gênero no contexto de um rompimento romântico. Nossas políticas são projetadas para permitir espaço para esses tipos de oração”, afirma a Meta.
A Dependência Brasil questionou se as mudanças na política sobre oração de ódio nas redes sociais serão aplicadas também no Brasil no porvir, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. Nessa terça (8), o proprietário da companhia Mark Zuckerberg disse que as mudanças começariam pelos EUA, mas que trabalharia com Trump contra países que criam regras para o envolvente do dedo.
A Meta também passou a permitir associar a homossexualidade ou transsexualidade a doenças mentais. As mudanças podem proporcionar o oração do presidente Donald Trump, frequentemente denunciado pelos adversários de discriminar mulheres, gays e imigrantes em seus pronunciamentos.
A fundadora da Rede Vernáculo de Combate à Desinformação (RNCD), a professora Ana Regina Rego, avaliou que as mudanças são “muito preocupantes” e um retrocesso em relação ao combate ao oração de ódio nas plataformas. Para a professora de informação da Universidade Federalista do Piauí (PI), essa violência do dedo tende a ser transferida para o mundo físico.
“Além de magoar direitos, de não respeitar as diversidades, há uma convocação para uma violência simbólica que tem se transformado, sim, em violência física. [A Meta] vai permitir que as pessoas se comuniquem da maneira uma vez que quiserem. Pode ter insulto, pode ter violência. A permissão de ofender mulheres em final de relacionamento não é só misoginia, é uma violência simbólica complicada no mundo em que a gente tem, a cada 10 minutos, o homicídio de uma mulher”, comentou.
Participação feminina
A novidade política da Meta ainda substituiu o termo “oração” por “conduta” de ódio, ou conduta odiosa. Outrossim, a gigante da tecnologia passou a permitir discursos, nas redes dos EUA, contrários à participação de mulheres em meios militares, policiais ou de ensino.
“Nós permitimos teor que defenda limitações de gênero em empregos militares, policiais e de ensino. Também permitimos o mesmo teor com base na orientação sexual, quando o teor é fundamentado em crenças religiosas”, diz o texto. Até logo, a Meta proibia a publicação de teor que defendia a exclusão econômica de grupos por considerar que essas medidas limitam a participação no mercado de trabalho.
Remoções mantidas
Por outro lado, a Meta sustenta a posição de que removerá, nos Estados Unidos, os discursos “desumanizantes, alegações de imoralidade grave ou criminalidade e calúnias”, assim uma vez que não permitirão “conduta odiosa no Facebook, Instagram ou Threads”, que são as redes controladas pela big tech.
“Definimos conduta odiosa uma vez que ataques diretos contra pessoas — em vez de conceitos ou instituições — com base no que chamamos de características protegidas (PCs): raça, etnia, nacionalidade, deficiência, afiliação religiosa, linhagem, orientação sexual, sexo, identidade de gênero e doença grave”, afirma a companhia.
Ao comentar as mudanças na plataforma, o diretor de assuntos globais da Meta, Joel Kaplan, sustentou que as regras estavam muito restritivas e que o objetivo é se livrar de restrições sobre imigração, identidade de gênero e gênero.
“Não é claro que as coisas possam ser ditas na TV ou no plenário do Congresso, mas não em nossas plataformas. Essas mudanças de política podem levar algumas semanas para serem totalmente implementadas”, justificou Kaplan, ex-advogado do Partido Republicado dos EUA que assumiu a novidade função na companhia na semana passada.