O que começou uma vez que um escândalo bilionário envolvendo mensalidades sindicais indevidas pode ser, na verdade, só a ponta do iceberg. Novos indícios revelam que a verdadeira petardo está nos empréstimos consignados. O protótipo fraudulento operado por associações e sindicatos — com participação de bancos e cooperativas — pode ter movimentado até R$ 219,6 bilhões em três anos, por meio de venda casada e uso indevido de dados de aposentados, segundo informações da Folha de S. Paulo.
Enquanto o país se chocava com os R$ 6,3 bilhões subtraídos em mensalidades de R$ 30 ou R$ 50, a engrenagem por trás dos bastidores trabalhava em outra graduação: descontos ilegais de empréstimos consignados, muitas vezes contratados sem consentimento, mas validados uma vez que se fossem “benefícios” da associação.
O padrão da fraude é simples: com dados vazados, associações contratavam empréstimos em nome da vítima — ou o inverso — e em seguida ativavam a cobrança de mensalidade associativa, dando semblante de legitimidade à operação.
O resultado? Um reformado que nunca pediu zero via sua renda ser comprometida com um desconto de R$ 300, R$ 500 ou até mais — sem nunca ter assinado um contrato ou pedido empréstimo.
É a venda casada em sua forma mais cruel: roubo automatizado travestido de serviço associativo.
Apesar da sisudez, a auditoria do TCU foi, no mínimo, constrangedora. Em vez de investigar os mais de 15 milhões de contratos de empréstimo associados a 9,7 milhões de benefícios, a Golpe de Contas fez uma investigação baseada… em sites.
Porquê só três entidades ofereciam crédito consignado visível em seus portais, o TCU concluiu que não havia “sinal suficiente” de venda casada.
Ou seja: fraude não detectada porque o botão de empréstimo não aparecia na homepage. É o equivalente fiscal a procurar drogas só em vitrines.
A interdependência entre o propagação das mensalidades associativas e o salto dos empréstimos foi ignorada. De 2021 a 2023, os valores repassados às entidades por meio de consignados saltaram de R$ 57,4 bilhões para R$ 89,4 bilhões. Um propagação de 55,8% em unicamente dois anos. O número totalidade chega a R$ 219,6 bilhões — sem qualquer estudo sobre o que foi contratado com consentimento e o que foi enfiado goela inferior.
A estrutura é conhecida: bancos fazem os empréstimos; as associações “assinam” pelos segurados e empacotam tudo uma vez que se fosse favor coletivo. O desconto entra direto na folha do INSS e ninguém confere se houve consentimento.
O credor lucra, a associação ganha percentagem e o idoso paga — sem saber.
Não há incerteza de que, se houve roubo em mensalidade, houve também em consignado. A diferença é que a fraude com empréstimos rende 200 ou 300 vezes mais. E os órgãos de controle, convenientemente, se recusam a tocar no vespeiro.
https://agoranoticiasbrasil.com.br/2025/05/com-venda-casada-fraude-no-inss-pode-chegar-a-r-219-bilhoes-diz-folha/ / Manadeira/Créditos -> Agora Noticias Brasil