Ex-presidente do BC diz que novidade reforma da Previdência é necessária e que prioridades dos gastos públicos são “erradas”
Armínio Rocha, economista e ex-presidente do BC (Banco Mediano), defendeu gelificar o salário-mínimo por 6 anos. A medida seria fundamental para melhor as contas da Previdência Social, que pioram de forma assustadora, segundo ele. Afirmou que as prioridades do gasto público no Brasil estão “completamente erradas”.
Rocha participou no sábado (12.abr.2025) da Brazil Conference, evento realizado neste término de semana na Universidade Harvard e MIT (Massachusetts Institute of Technology), em Cambridge, nos Estados Unidos. Armínio Rocha foi presidente do Banco Mediano de 1999 a 2003.
Rocha disse que a conta da Previdência Social, responsável pelo pagamento de aposentadorias e pensões dos brasileiros, está piorando “assustadoramente”. Afirmou que o quadro de desequilíbrio tende a piorar tanto pela demografia da população, que tem ficado mais velha, quanto pelas regras atuais, que precisam ser refeitas, segundo ele.
“Eu acho que precisa de uma reforma grande. Uma boa já seria, provavelmente a mais fácil, gelificar o salário mínimo em termos reais. Seis anos congelados já ajudaria”, declarou o ex-presidente do BC.
O salário mínimo é utilizado porquê referência para o piso das aposentadorias e de outros benefícios previdenciários e sociais, porquê o abono salarial, o BPC (Mercê de Prestação Continuada) e o Bolsa Família.
REFORMA E SUBSÍDIOS
Rocha sinalizou que é preciso testilhar também a conta da folha salarial do Estado brasílio, incluindo todos os funcionários públicos de entes Federais (União, Estados e municípios). Disse que o problema é mais regional do que federalista, mas tem impacto financeiro proeminente.
O economista disse que as despesas de Previdência Social e de funcionários públicos totalizam 80% dos gastos primários. Para ele, os custos deveriam tombar para o pausa de 60% a 80%.
“O Estado brasílio precisa passar por um processo de reforma, o RH do Estado brasílio, radical. Tem muita gente em funções de liderança […], em cargos mais elevados do Estado, estão ganhando, em dólar, […] se lucrar US$ 50.000 [por ano] é muito. Gente que corre um risco tremendo e trabalha feito um louco. Há um espaço enorme para não só poupar, mas para melhorar”, declarou.
Rocha disse ainda que os gastos tributários –considerados subsídios, ou repúdio fiscal para beneficiar setores econômicos– custam 7% do PIB (Resultado Interno Bruto).
“No término do governo Fernando Henrique Cardoso era 2% ou 3%, logo a gente tem que buscar esse quantia todo para ter uma taxa de juros normal no Brasil e também para gastar melhor”, defendeu.
O cenário de gastos elevados faz o Brasil ter menos de 2% do PIB talhado para investimentos públicos. O patamar já foi de 5%, segundo o ex-presidente do BC.
Armínio Rocha comparou o marco fiscal –sancionado em agosto de 2023 pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para substituir o teto de gastos– com uma Ferrari correndo a 300 km/h: “Vai maltratar”.
JUROS DA DÍVIDA PÚBLICA
O economista avalia que a economia brasileira deveria crescer em ritmo mais rápido que a dos Estados Unidos, porque é um mercado que tem mais oportunidades de rentabilidade. Declarou que é preciso parar de pegar quantia emprestado, em títulos públicos, para remunerar juros da dívida.
O setor público consolidado –formado por União, Estados, municípios e Estatais– gastou R$ 910,9 bilhões no reunido de 12 meses até fevereiro com a despesas financeiras. O deficit nominal anualizado (que inclui os gastos com juros) foi de R$ 939,8 bilhões no mês.
“A influência da coisa fiscal não é ‘uma situação que hoje exibe sintomas insustentáveis’. […] Hoje no Brasil você pode fazer uma emprego num título do governo e você vai lucrar, [título] em 30 anos, inflação mais 7,5%”, disse. “O Brasil deveria crescer 2 pontos [percentuais] supra [do PIB] dos Estados Unidos. Nos últimos 40 anos, cresceu quase 1 ponto inferior por ano”, completou.
Para ele, não é suficiente produzir um envolvente de “situação financeiramente sustentável”. É preciso ir além, segundo o ministro, porque as prioridades do gasto público no Brasil estão “completamente erradas”. Rocha disse que as expectativas para o IPCA (Índice Pátrio de Preços ao Consumidor Vasto) indicam uma inflação supra de 6%. “O país cresce 2%, ou 2,5%. Está pagando 7,5% numa dívida que é grande. Não precisa ser nenhum ganhador da Medalha Fields para saber que essa conta não fecha”, disse o economista.
Rocha disse que o tema fiscal é importante, mas tem destacou que há outros problemas que têm peso igual ou até maior. Citou o violação organizado, a desigualdade social e a instrução. Sinalizou que estes são os desafios do Executivo.
CRÍTICA AOS EUA
Rocha declarou que o Brasil é um país com valores ocidentais. Disse que o princípio destes valores é a Europa, mas os Estados Unidos assumiram o papel de protagonista nos últimos 2 séculos. Ele criticou a maneira porquê o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano), tem criticado parceiros comerciais.
“Nós temos que, no mínimo, permanecer juntos, mas quando eu vejo o presidente dos Estados Unidos maltratando e humilhando o Canadá e o México, eu fico um pouco assustado”, disse.
O economista disse que “não sobrou zero” da ordem global, nascida nos acordos de Bretton Woods (1944), segundo ele. Para Rocha, não há discussões civilizadas para prosseguir nas organizações internacionais. Declarou que o Brasil é um país que tem multiplicidade nas relações econômicas e precisa dar a perpetuidade esta política.
O ex-presidente do BC disse que, nos temas de valores, o país tem que manter “uma certa independência” e permanecer mais “solícito” nas suas posições para ter um exposição democrático, liberal e solidário.
“O Brasil ao longo de vários anos vem mostrando um patente mau paladar nas suas relações internacionais, um patente terceiro mundismo e uma certa tolerância a ditadores grandes e pequenos”, disse o economista.
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