O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), ironizou o “raciocínio” do presidente Lula (PT) que o levou a admoestar brasileiros a ajudarem a sustar a inflação não comprando provisões caros. Em vídeo publicado na noite desta sexta (7), em suas redes sociais, Caiado conclui que, se Lula sugere trinchar o que está custoso, a solução seria trinchar o governo do Partido dos Trabalhadores (PT).
“É para trinchar o que está custoso, Lula? Portanto vamos trinchar o PT”, provoca a postagem de Caiado, que pretende disputar a Presidência da República, em 2026.
O goiano conclui que a fala de Lula não estaria totalmente errada: “Hoje, o que custa mais custoso para o Brasil é o governo do PT. E Lula já deu a solução”.
Caiado citou as promessas da campanha presidencial de Lula, que derrotou o projeto de reeleição de Jair Bolsonaro (PL), em 2022, prometendo baratear o preço da mesocarpo bovina, mais precisamente, da picanha.
“O brasiliano dormiu sonhando com a picanha, e acordou sem ter condições de comprar nem uma caixa de ovo. Essa subida dos preços, nós sabemos que é culpa dos gastos descontrolados do governo federalista, que pressionam a inflação. Mas esses gastos, o Lula não quer trinchar. Joga a conta para o povo remunerar”, concluiu Caiado.
É para trinchar o que está custoso, @LulaOficial? Portanto vamos trinchar o PT. pic.twitter.com/QqQ81HJRoM
— Ronaldo Caiado (@ronaldocaiado) February 7, 2025
Alertas ignorados
A relação entre incisão de gastos públicos e seus impactos na inflação tem sido usada para alertar Lula sobre equívocos de sua política econômica para sustar a subida de preços. Além de Caiado, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (REP-PB), também falou ontem que a solução para encolher preços de provisões passa pelo incisão de despesas.
Ainda no final de 2024, a Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, já alertava que o pacote de incisão de gastos anunciado pelo governo Lula, para gerar uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, é insuficiente para virar os déficits primários projetados para os próximos anos.
“Existe um desequilíbrio fiscal persistente e estrutural na economia brasileira, com consequências indesejáveis para a inflação, a taxa de juros, a taxa de câmbio e a percepção de sustentabilidade das contas públicas no longo prazo. Vale ressaltar que essa piora vem desde o primeiro semestre, quando as metas fiscais de 2025 e 2026 foram alteradas”, apontava IFI.