Homens armados atacaram um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno (MST) em Tremembé, no interno de São Paulo, no término da noite desta sexta-feira (10). Segundo o movimento, ao menos dois assentados foram mortos a tiros e ao menos outros seis precisaram de atendimento hospitalar devido aos ferimentos sofridos.
De convénio com o MST, “bandidos armados” invadiram o Assentamento Olga Benário, na Estrada Canegal, por volta das 23 horas de ontem. Usando “vários carros e motos”, chegaram atirando, quando a maioria dos assentados dormia, entre eles crianças e idosos. Em meio à confusão, dois assentados foram baleados e não resistiram: Valdir do Promanação, o Valdirzão, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Roble, 28. Promanação era uma das lideranças do assentamento,
Ainda segundo o MST, alguns dos assentados atacados sofreram ferimentos graves e tiveram que ser submetidos a cirurgias. “Neste momento de profunda dor, o movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno se indigna perante a violência e a falta de políticas públicas de segurança nos territórios, que põem a vida de tantos em estável risco”.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que a Polícia Social já está apurando a ocorrência, buscando esclarecer os fatos, acrescentando que as seis pessoas feridas têm entre 18 e 49 anos de idade e foram encaminhadas ao Hospital regional do Vale do Paraíba – Sociedade Beneficente São Camilo, de Taubaté ou ao Pronto-Socorro municipal.
“Depoimentos das vítimas indicaram que suspeitos em carros e motos teriam atirado. Um varão foi abordado no lugar e autuado em flagrante por porte proibido da arma. O caso foi registrado porquê homicídio, tentativa de homicídio e porte proibido de arma de queimada de uso permitido no plantão da Delegacia Seccional de Taubaté”, revelou a secretaria paulista.
Integrante da Coordenação Vernáculo do MST, João Paulo Rodrigues manifestou preocupação e defendeu que a Polícia Federalista (PF) participe das investigações. “Exigimos que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo [por meio da Polícia Civil] investigue o violação e puna os responsáveis [mas] queremos que a PF e o Ministério do Desenvolvimento Agrário acompanhe o caso”, escreveu Rodrigues em sua conta no X (macróbio Twitter).
Estamos acompanhando juntos com as famílias e dando todo o suporte às neste momento de dor , Exigimos que a Sec Seguranças SP investigue o violação e puna os responsáveis. Queremos que a @policiafederal é @mdagovbr acompanhe o caso, Seguiremos em Luta , Reforma Agrária já !
— João Paulo Rodrigues (@joaopaulomst) January 11, 2025
Também no X, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Cultura Familiar, Paulo Teixeira, classificou a ocorrência porquê “um violação gravíssimo”. “Comuniquei o violação ao secretário de segurança pública de São Paulo e pedi as providências para a investigação dos autores e a prisão deles”.
Um violação gravíssimo aconteceu nesta madrugada. Um grupo de criminosos invadiu o assentamento Olga Benario, no município de Tremembé, estado de São Paulo, e balearam 8 assentados, levando à óbito os assentados Valdir do Promanação e o jovem Gleison Barbosa Roble. Os demais…
— Paulo Teixeira (@pauloteixeira13) January 11, 2025
Parlamentares de diferentes partidos reagiram com indignação, usando as redes sociais para exigir respostas do Poder Público. “Que o violação tenha imediata apuração, os responsáveis sejam encontrados e responsabilizados no rigor da lei”, cobrou a deputada federalista Sâmia Bomfim (Psol-SP). “Exigimos providências do governador [de São Paulo] Tarcísio de Freitas, do secretário de Segurança Pública [Guilherme Derrite]; do Ministério da Justiça e do Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] para apurar e punir os responsáveis por esse violação hediondo”, escreveu o deputado estado Simão Pedro (PT-SP), atribuindo o “atentado” a organizações criminosas que, segundo ele, “querem se apossar dos territórios da reforma agrária”.
A também deputada estadual paulista Leci Brandão (PCdoB-SP) expressou revolta e tristeza pelo “ataque criminoso e facínora”. “Famílias inteiras, crianças, idosos, pais e mães de família foram feridos e expostos ao risco de morte”, comentou Leci, defendendo punição severa para os responsáveis. “Não adianta somente expressar solidariedade, é preciso que se faça justiça e que, sobretudo, a justiça social seja o foco de atuação do Estado”.