Paolla Miguel e Guida Calixto, vereadoras da cidade de Campinas (SP) pelo PT, foram níveo de racismo e ameaças de morte por meio de mensagens encaminhadas aos e-mails institucionais das parlamentares, na manhã desta quarta-feira (18). Um boletim de ocorrência foi registrado pelas parlamentares. Não foi verosímil identificar o responsável pelo teor, que usa o nome de um jurisconsulto de São Paulo (SP). Ainda não se sabe a verdade dessa informação.
O Brasil de Vestuário teve aproximação ao teor do e-mail. No texto, o assaltante usa o termo racista “macaca” para se referir às vereadoras, faz ameaças de morte, diz que “política não é lugar de preto” e que as parlamentares deveriam estar “trabalhando de faxineira”.
O texto termina com o lema utilizado pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): “Brasil supra de tudo, Deus supra de todos”.
“Com certeza, relaciono isso muito à extrema direita e à forma porquê ela age, mobilizando esses fascistas, ameaçando quem tenta ocupar espaços que historicamente sempre foram de um determinado setor e que dificilmente foram ocupados pelos setores populares”, afirmou Guida Calixto ao Brasil de Vestuário.
Sobre as ameaças desta quarta-feira (18), Calixto afirma que o teor é “horroroso, terrífico, com crueldade mesmo. É um delito. É uma mensagem totalmente recheada de muito ódio. É de alguém que não suporta que uma mulher negra, vinda das camadas populares, possa ter um procuração eletivo, eleita democraticamente”, afirma.
Em informe conjunto, as petistas classificaram o texto das ameaças porquê “gravíssimo”, com “violência brutal, assassina, racista e que atenta contra seus direitos civis e políticos, inclusive exigindo repúdio de seus mandatos”. A nota foi publicada nos perfis das vereadores e do PT de Campinas no Instagram.
Calixto disse que esta é a terceira ameaço que sofre no período em que atua porquê vereadora de Campinas. A primeira ocorreu enquanto a parlamentar era relatora de uma Percentagem Parlamentar de Sindicância (CPI) que apurava crimes da extrema direita na cidade do interno de São Paulo. “Quando eu assumi a relatoria dessa CPI, fui ameaçada”, disse.
Em maio, mensagens de cunho racista e supremacista foram enviadas para as duas e para os demais vereadores Major Jaime (União), Permínio Monteiro (PSB), Higor Diego (Republicanos) e Cecílio Santos (PT), todos negros.
No e-mail enviado naquela ocasião, ao qual o Estadão teve aproximação, o responsável afirmou que mataria Paolla Miguel e faria “um massacre na Câmara”. Também chamou a parlamentar de “macaca” e “favelada”, e disse que Miguel “usa quantia público para fazer festas para aberrações LGBT” que “merecem a morte”. Um sindicância já havia sido instaurado para apurar a primeira ameaço, cujos autores já foram identificados e presos. Eles são de Jundiaí, cidade próxima a Campinas.
O Brasil de Vestuário solicitou um posicionamento para a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) e aguarda um retorno.
Edição: Thalita Pires