O antirracismo não uma vez que tendência, mas uma vez que compromisso, é uma das reivindicações dos movimentos negros no 20 de novembro desde ano, o primeiro uma vez que feriado vernáculo. Apesar da urgente luta contra o genocídio do povo preto, principalmente os jovens, há o reconhecimento de um patente progressão da consciência racial no Brasil, fruto, obviamente, da luta nas ruas e no parlamento.
Porquê a história e a cultura negras ficam mais evidentes no mês de novembro, o duelo para a sociedade e para os veículos de informação é uma vez que fazer destes temas pautas cotidianas. Porquê podemos, uma vez que prelo, contribuir no combate ao racismo estrutural constituinte da sociedade brasileira? Porquê ajudar no combate ao preconceito e as desigualdades?
“Não é uma conquista só de um dia para permanecer retirado do trabalho num país que ainda guarda muito do seu DNA escravocrata. É um dia para marcar os crimes continuados do Estado brasílico contra a nossa população”, destacou ao BdF Luciana Araújo, da Marcha das Mulheres Negras.
Mesmo diante de avanços, os trabalhadores pretos e pardos do Brasil têm um rendimento mensal, em média, 40% menor do que os trabalhadores não negros, segundo o Dieese. Superar as desigualdades de renda e chegada a políticas públicas é, na prática, superar segmento do racismo constituinte de nossa sociedade. Assim, manifestações contrárias à graduação 6×1 também estiveram presentes nos protestos deste ano.
Segundo o Instituto Datafolha, considerando uma segmentação racial, a percepção do racismo é maior entre os grupos não brancos: entre pretos, 64% acham que a maior segmento da população é racista, 24% acham que o problema está presente na menor segmento, 8% avaliam que todos no país são racistas, 3% acham que ninguém é racista e 2% não souberam responder.
No grupo dos entrevistados pardos, 60% entendem que a maior segmento dos brasileiros é racista, 33% acham que é a menor segmento, 4% acham que todos são racistas e 2% entendem que ninguém no Brasil o é. Somente 1% disse não saber responder à pergunta.
Em um país de maioria negra e que tem um provisório crescente de pessoa das religiões evangélicas, também, em sua maioria, preta e pobre, o Brasil de Traje conversou essa semana com o teólogo e pastor Ronilso Pacheco, que apontou a dificuldade, hostilidade e preconceito da esquerda dialogar com esses fiéis, taxando-os dentro de um estereótipo conservador.
“A Lélia Gonzalez falava do euro cristianismo, que é muito associado com o colonialismo e a expansão marítima, que, de alguma forma, consolidou uma tradução da Bíblia e de seus personagens, que inviabiliza a relevância do povo preto e do continente africano… Portanto, a teologia negra surge nessa perspectiva, é o povo preto dizendo também o que expor sobre Deus e a partir das escrituras.”
O documentário “Fé em disputa”, também produzido pelo BdF, joga luz na teologia negra presente entre evangélicos. Já no campo da cultura, o programa Muito Viver entrevistou Zezé Motta, símbolo de luta, representatividade e inspiração para gerações de brasileiros. A atriz contou sobre sua trajetória e da arte uma vez que forma de resistência e contraposição ao racismo. Música, literatura, cinema, enfim, a arte preta é arma de luta no Brasil.
Outra taxa sempre reivindicada pelos quilombolas no 20 de novembro é a titulação de suas áreas. Atualmente, o Brasil tem mais de 350 ações judiciais focadas em demandas de comunidades quilombolas junto à segunda instância da Justiça Federalista, sendo que a grande maioria das ações demanda titulação de terras. De conformidade com a Coordenação Vernáculo de Fala das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), a luta pelo recta à terreno segue sendo prioridade para as comunidades quilombolas.
E foi em terreno de aquilombamento que se desenvolveu uma das principais revoltas brasileiras. Em Palmares, Zumbi, Dandara, Aqualtune, Ganga Zumba e muitas outras mulheres e homens se organizaram para resistir e lutar contra a escravidão. Na Serra da Ventre, em Alagoas, Nordeste do Brasil, foi construído um dos nossos maiores símbolos de luta e rebeldia.
É preciso seguir cobrindo e contando histórias uma vez que esta, e para muito além de novembro. O Brasil de Traje assume nascente compromisso e, se você quer nos seguir nesta importante jornada, é só se tornar um financiador do nosso jornalismo. Porquê o seu escora, seguiremos na luta pelo espaço para todas as vozes.