Seu nome está envolvido em todo tipo de lendas. Porquê quase nenhuma outra figura histórica, em Cuba, Che Guevara é envolvido numa aura que extremidade o religioso. Uma imagem mítica que habita os estandartes da resistência e os anseios por justiça na cultura popular.
Ano em seguida ano, todo dia 9 de outubro, milhares de pessoas peregrinam pelas ruas empedradas de La Higuera, uma pequena cidade nos vales bolivianos. Lugar onde Che foi encarcerado em 1967, numa pequena sala de lição, e assassinado a sangue fria sem nenhum julgamento um dia depois. No lugar, uma pequena placa indica: “ninguém morre enquanto é lembrado”.
O encarregado da fatídica operação que matou Che foi Félix Ismael Rodríguez, um experiente agente da CIA que tinha liderado muro de 1,5 milénio mercenários na tentativa fracassada de invadir Playa Girón em abril de 1961. Aquele funesto 9 de outubro, ele ordenou que os tiros fossem dados inferior do pescoço, para que pudessem simular um confronto.
Os sobras mortais de Che e de seus companheiros foram dados porquê desaparecidos. A decisão dos serviços de perceptibilidade dos EUA queria evitar que sua tumba se tornasse um núcleo de devoção. No entanto, zero impediu que milhares e milhares de pessoas viajassem para esse pequeno vilarejo perdido nos vales bolivianos durante décadas, improvisando altares e oferendas à memória desses revolucionários.
Durante trinta anos, o corpo de Che e os de seus companheiros ficaram desaparecidos. Os Estados Unidos se recusaram a fornecer qualquer informação sobre seu paradeiro, enquanto os sucessivos governos bolivianos obstruíram qualquer autorização para a procura de seus sobras mortais. Foi somente na dez de 1990, durante a presidência de Gonzalo Sánchez de Lozada, que a Bolívia permitiu investigações sobre o tramontana do corpo de Che.
A procura foi realizada contra todas as probabilidades de sucesso: desafiando o pequeno período de tempo para o qual as licenças foram obtidas para permitir as escavações necessárias. A sorte não veio imediatamente. O sigilo militar tornou a tarefa praticamente impossível mas, apesar disso, faltando somente um dia para o termo do prazo, no dia 28 de junho de 1997, a equipe de especialistas forenses cubanos e argentinos conseguiu encontrar a fossa coletiva na qual Che foi enterrado.
Os sobras mortais de Che e de seus companheiros do sacramento do reforço, retornaram a Cuba no difícil ano de 1997, 30 anos em seguida seu homicídio, descansam agora em Santa Clara. Naquele memorial, ano em seguida ano, todo dia 9 de outubro – ou 8, já que a data exata de morte é disputada – , centenas de crianças cubanas são iniciadas na Organização dos Pioneiros José Martí, um ajuntamento juvenil de crianças cubanas. Seu sabido lema é “Seremos porquê Che”.
Profundamente humanista
María del Carmen Ariet García, coordenadora acadêmica do Meio de Estudos Che Guevara, disse ao Brasil de Traje que a vida e a obra de Che Guevara estão marcadas por uma concepção “profundamente humanista”. Uma teoria que o acompanhou ao longo de seus 39 anos de vida, desde a puerícia até sua morte precoce.
“Sempre foi obcecado pelo papel do varão na História. O melhoramento humano em termos de atingir metas que garantissem seu desenvolvimento e realização. Já na juventude, quando escreveu um pequeno léxico filosófico, podemos constatar isso. Mas também quando, anos depois, ele estudou sistematicamente a tradição marxista. Sempre buscou o papel do varão e seu papel na história em cada leitura, mesmo nas leituras gerais de literatura e história. Nesse sentido, sempre procurou mecanismos de cooperação social porquê formas de desenvolvimento social.”
A professora afirma que foi esse humanismo que impulsionou Ernesto nas suas viagens. Viagens que mudariam para sempre esse jovem inquieto.
Primeiro para o setentrião da Argentina, onde conheceu a pobreza e a desigualdade de seu próprio país. E depois para a América Latina, onde conheceu a violência do imperialismo, principalmente do estadunidense, que assola o continente de todas as formas possíveis. “Sua procura pela veras da América Latina é o que explica, não o aventurismo do qual ele tem sido frequentemente indiciado, mas sua ousadia de embarcar em uma proeza para saber a verdadeira veras da América Latina”, diz ela.
“É interessante notar que em sua primeira viagem à Argentina, Che, sendo um jovem de classe média, não decidiu ir a Bariloche ou a qualquer lugar onde as pessoas com numerário geralmente iam. Em vez disso, ele decidiu viajar para o setentrião do país, onde viu pela primeira vez outra Argentina, dissemelhante daquela que o cercava. Ainda não havia uma motivação que pudesse ser chamada de política, mas existia uma sensibilidade privativo.”
Anos mais tarde, Che resumiria essa perspectiva em uma epístola na qual confessava que “percebo que os países não são conhecidos em decks luxuosos de hotéis, mas sim quando passamos a saber as pessoas, seus interesses e seus conhecimentos”.
Produção e consciência
María del Carmen Ariet García é uma das duas pesquisadoras, juntamente com Disamis Arcia Muñoz, que recentemente coordenou a Antología General Ernesto Che Guevara, a maior e mais completa selecta de textos sobre Che que existe atualmente.
Durante décadas, os esforços do Meio de Estudos Che Guevara têm se concentrado em promover o estudo e o conhecimento do pensamento, da vida e da obra de Che. Estudioso metódico e habilidoso polemista, as contribuições de Che porquê pensador muitas vezes foram ofuscadas pela unilateralização de suas qualidades éticas.
“Não se trata de desprezar a reivindicação de sua entrega, sua moral e seu exemplo. Trata-se de tornar sua figura mais complexa e dar conta das imensas contribuições que Che fez não somente no campo prático, mas também no teórico. Porque Che foi, supra de tudo, um varão integral que não desprezou nenhuma das dimensões da atividade humana e revolucionária”.
Em seguida o triunfo da revolução, Che foi protagonista, no início, de uma tarefa ainda mais difícil do que a de derrubar o regime tirânico de Batista: a de iniciar a edificar uma sociedade socialista.
“Já quando a Revolução Cubana se definiu de forma contundente porquê socialista, todos começam a saber o que é o verdadeiro socialismo. Quais são suas linhas e condições. Nesse contexto, na dez de 1960, ele começou a meditar sobre o tipo de socialismo desejado e necessário em Cuba, variantes que também poderiam ser exemplos para o Terceiro Mundo. Naqueles anos, ele disse que as pessoas precisam de dois elementos fortes para manifestar que estão em um processo socialista: produtividade e consciência”.
A professora explica que, na concepção de Che, em contraste com as visões dominantes da era, o socialismo não deveria somente tentar melhorar os aspectos materiais da sociedade. Além de transformar a economia, ele também deveria transformar os aspectos espirituais das pessoas e da sociedade. María del Carmen diz que é importante manter viva a memória de Che, mas que, supra de tudo, é necessário, nestes tempos de subida da extrema direita, “voltar ao Che”.
“Estamos enfrentando um mundo em crise, mas o mundo em que ele viveu também teve suas crises. E foi sua respiração, junto com a de tantos outros, que possibilitou ao mundo sonhar que a justiça poderia ser verosímil. Uma procura na qual ele até mesmo deixou sua vida.”
Edição: Rodrigo Durão Coelho
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