Porquê resposta à crescente preocupação com as mudanças climáticas e suas consequências sociais e ambientais, considerando mormente o eventos extremos que atingiram o estado nos últimos dois anos, entidades que atuam na resguardo do meio envolvente realizarão, nesta sexta-feira (20), a Marcha Popular por Justiça Climática em Porto Satisfeito.
O ato, que integra o dia da Greve Global pelo Clima e será realizado em cidades de diversos países e está marcado para às 15h, junto à Usina do Gasômetro. Essa é a segunda marcha a ser realizada na capital gaúcha.
“Nossa cidade é uma dolorosa mostra de que a premência de barrar a lógica destrutiva deste sistema, não é um oração sobre o porvir. É da resguardo vida de nosso povo, de nossos biomas e cidades, principalmente, aqueles mais vulnerabilizados, que se trata. Por isso nos reunimos, ONGs, movimentos, entidades, organizações, em uma Mobilização Popular por Justiça Climática”, afirma a nota das entidades que organizam o ato.
A mobilização é realizada pelo Repercussão Pelo Clima, Frente Popular de Enfrentamento a Emergência Climática, Agapan, SerAção, Núcleo RS da Rede Brasileira de Ecossocialistas, Ingá, Preserva Resgate, Movimento Salve o Simetria, Preseva Marinha, Preserva Zona Sul, Pastoral da Ecologia, Laudato Si’ RS, Setorial Ecossocialista do Psol-RS, Movimento Não ao Lixão-Viamão, SMAD-PT: Sec. Est. De Meio Envolvente e Desenvolvimento, Partido Virente RS, Mães e Pais Pela Democracia.
Entre as principais pautas estão:
– Decretação de Emergência climática. Desde 2023 existe um Projeto de Lei na Parlamento Legislativa para que seja decretada a emergência climática no estado e, até o momento, pouco avançou;
– Transição energética com investimento em energias limpas sob controle do povo, garantindo a transição energética justa;
– Medidas de adaptação às alterações climáticas com a gestão integrada de resíduos sólidos, tratamento de esgoto e chegada à chuva para toda população. Além da demarcação de territórios indígenas e quilombolas.
Uma resposta urgente
Ao convocar o ato, a fundadora do Repercussão Pelo Clima, Renata Padilha, ressalta dificuldades da dinâmica atual no Rio Grande do Sul. “As crianças não dormem muito à noite pois temem a chuva e terem que contratar para buscar um abrigo”. E prossegue: “Os postos de saúde lotados por pessoas com sintomas respiratórios e muitos de nós, atingidos pelas enchentes, ainda não tivemos nossos direitos garantidos. É incabível que sigamos sobrevivendo dessa forma”.
Segundo ela, a marcha do dia 20 de setembro é uma “revolta da sociedade ao descaso, ao negacionismo climatológico e negligência de nossos representante políticos perante os efeitos reais e cotidianos da crise climática”.
O presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Envolvente Proveniente (Agapan), Heverton Lacerda, ressalta que a situação em Porto Satisfeito e no RS não difere muito da maioria das cidades do Brasil, até do mundo. “A catástrofe gerada pelos últimos eventos climáticos intensos que atingiram as nossas cidades desnudou, além do solo, as nossas fragilidades enquanto sociedade.”
A sociedade, prossegue Heverton, tem a sua parcela de culpa por não cobrar com mais afinco e por escolher pessoas despreparadas. “Se o governador e o prefeito da capital confiassem nos alertas dos ambientalistas e dos cientistas, poderiam ter tomado medidas protetivas com antecedência. O RS é nascimento do movimento ambiental. Os alertas sempre ecoaram por cá. Não há desculpa para o negacionismo climatológico. No entanto, não precisamos indicar culpados, pois eles mesmos se expõem”, afirma.
Conforme aponta o representante do movimento Ser Ação Ativismo Ambiental e do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (Inga), Emerson Prates, os estados da região Sul do Brasil são a porta de ingresso para mudanças climáticas. “Não é somente enchentes que nos preocupam. Os rios voadores trazem a fumaça do Pará, da Amazônia, enfim, para cá também. A qualidade de ar que a gente respira está afetada por conta disso.”
Na avaliação de Renata, a lavagem virente tomou conta do estado do Rio Grande do Sul e de Porto Satisfeito. Esse processo, aponta, pode ser observado no progresso da silvicultura, nas alterações do Código Ambiental do estado, na flexibilização de agrotóxicos ainda mais poluentes, no progresso massivo da especulação imobiliária acabando com parques verdes e a fauna sítio. “O despreparo para mourejar com os eventos climáticos extremos faz secção da política neo-liberal movida pelo sistema econômico de sociedade em que vivemos, que não tem uma vez que prioridade implementar as soluções reais e urgentes que precisamos.”
Entre as soluções, prossegue, está: plantar árvores, incentivar a cultivação orgânica e familiar, gerar lares para as famílias que vivem áreas de risco climatológico, gerir resíduos das cidades em colaboração com catadores e promover a transição energética justa. “São políticas públicas que não acumulam capital, sendo assim, não servem aos interesses dos atuais governos. Vivemos diariamente com temor, sofreguidão e angustia, esperando o próximo evento climatológico extremo chegar. Só nós, no poder da coletividade, podemos virar esse cenário”, avalia.
Reforço das barreiras climáticas
“Temos que substanciar as barreiras contra mudanças climáticas e contra também as crises climáticas, até mesmo do lume. É muito simples voltarmos a ser a capital mais arborizada do Brasil, seria uma meta. Também poderíamos inovar novamente na dimensão ambiental, já que fomos a primeira capital a ter uma Secretaria de Meio Envolvente. Poderíamos também ser a primeira capital do Brasil a estatuir emergência climática. Assim uma vez que trocar o nosso quadro de vereadores e prefeito de Porto Satisfeito. Não podemos mais ter, dentro da política, negacionistas climáticos”, frisa Emerson.
De combinação com ele, há muitos empreendimentos que estão sendo feitos em dimensão de mata ciliar, em dimensão de preservação permanente. “Na capital gaúcha, por exemplo, há empreendimentos sendo construídos próximos a unidades de conservação e outros impactantes, uma vez que a mineração de saibro, sem o devido estudo ambienta”, diz. “Estão terminando com o pouco das florestas urbanas que temos, estão desrespeitando nossas barreiras naturais contra as mudanças climáticas com esse tipo de política.”
Sobre o movimento
A Marcha Popular por Justiça Climática faz secção do momento Greve Global Pelo Clima, iniciativa do movimento Fridays For Future que, no RS, é representado pelo Repercussão Pelo Clima e realizada duas vezes ao ano. “No dia 31 de maio, tivemos a primeira edição de 2024 e marchamos com mais de 700 pessoas pelas ruas de Porto Satisfeito. Dessa vez, a Marcha está sendo organizada com o Repercussão e em conjunto com diversas outras organizações ambientalistas e sociais do estado que assinaram a convocatória que, motivados pelos desafios climáticos gigantescos que estamos vivendo, entendem o poder da coletividade em erigir as soluções reais e engajar a sociedade”, explica Renata.
De combinação com Heverton, o movimento começou a lucrar força a partir de eventos uma vez que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP), quando ativistas e organizações se reuniram para exigir ações mais contundentes dos governos.
O presidente da Agapan reforça que a marcha desta sexta-feira tem uma vez que foco invocar a atenção para a premência de uma transição justa para um padrão ecologicamente sustentável, que considere as questões ambientais e as desigualdades sociais. “As populações mais vulneráveis – não somente as humanas – são as que primeiro sofrem com os impactos das mudanças climáticas. Por outro lado, as camadas economicamente mais abastadas são as que mais contribuem para o fator antropocêntrico das alterações do clima”, destaca.
“É bastante simbólico fazer essa revelação num 20 de setembro, que é comemorado nossa Semana Farroupilha, nossa cultura gaúcha. Até mesmo para mostrar que tem uma parcela da sociedade que está extremamente preocupado, porque não existe cultura sem o bioma Pampa. Se não o preservarmos talvez não tenhamos mais esse projecto de fundo para comemoração dos nossos próximos 20 de setembro”, complementa Emerson.
Manancial: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira
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