O tenente-coronel Mauro Cid nega, em mensagens trocadas com o jurista Eduardo Kuntz, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha pedido a falsificação de cartões de vacinação contra a covid-19. O teor foi anexado ao Supremo Tribunal Federalista (STF) pela resguardo do coronel Marcelo Câmara, também réu na ação penal que apura a inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde.
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Nas conversas, em um perfil no Instagram atribuído à sua esposa, Cid afirma expressamente que Bolsonaro não deu a ordem. “Eu fiz os cartões e entreguei ao Pr.”, escreveu Cid. “Ele não pediu… eu que disse que tinha feito.”
As mensagens foram trocadas entre janeiro e março de 2024, durante o período em que Cid estava proibido de usar redes sociais ou manter contato com outros investigados.
Durante sua delação, Cid disse que recebeu ordens de Bolsonaro para inserir dados falsos de vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde
O teor contraria a versão apresentada pela Polícia Federalista (PF) e pelo Ministério Público Federalista (MPF), que afirmam que a fraude teria ocorrido por formalidade direta do ex-presidente. Durante sua delação, Cid disse que recebeu ordens de Bolsonaro para inserir dados falsos de vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde.
As mensagens foram reveladas dias depois da revista Veja publicar prints de diálogos feitos a partir do perfil @gabrielar702 no Instagram. Em resposta, o jurista Eduardo Kuntz apresentou uma ata notarial com 51 páginas, contendo registros completos das conversas mantidas com Mauro Cid.
O material foi entregue ao STF, mesmo com Cid, na era, impedido judicialmente de utilizar redes sociais e de se conversar com outros envolvidos na investigação.
Diante dos fatos, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Meta, controladora do Instagram, informe ao tribunal os dados do responsável pelo perfil utilizado.
Na petição, o jurista Eduardo Kuntz afirma que há uma “enorme incongruência entre o quanto trazido no relatório policial e o quanto chegou ao conhecimento desta Resguardo”, o que, segundo ele, torna inverídica a asserção de que “Jair Bolsonaro, Mauro Cid e, possivelmente, Marcelo Câmara tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação”.
Em outro trecho da conversa, Cid revela que, ao perceber que os cartões haviam sido entregues a Bolsonaro, Marcelo Câmara ordenou que a operação fosse desfeita: “Quando o Câmara viu eu entregando para o Pr., ele mandou desfazer”.
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