Em mais um incidente que reacende o debate sobre o papel da prelo na democracia e os limites entre jornalismo e militância, a jornalista Eliane Cantanhêde, da GloboNews, causou potente repercussão nas redes sociais neste término de semana ao questionar a premência de uma Percentagem Parlamentar Mista de Sindicância (CPMI) para investigar irregularidades no Instituto Pátrio do Seguro Social (INSS). A enunciação, feita em tom angustiado durante participação em programa televisivo, foi duramente criticada por parlamentares, analistas políticos e usuários da internet, que viram na fala uma tentativa de blindar o governo de críticas e investigações legítimas.
Cantanhêde expressou preocupação com os efeitos da instalação da CPMI, alegando que a percentagem aprofundaria uma “polarização autodestrutiva” no Congresso e que “nenhum dos lados tem a lucrar”. Para ela, a apuração de escândalos relacionados ao INSS traria mais prejuízos do que benefícios ao país, em um momento que, segundo suas palavras, deveria ser de união e foco em pautas “relevantes”, porquê a regulamentação das redes sociais e as propostas de emenda à Constituição voltadas à segurança e às Forças Armadas – justamente, temas prioritários para o Palácio do Planalto.
A sátira mais contundente, porém, veio do tom irônico com que a jornalista abordou a mobilização parlamentar em torno do tema. Ela chegou a questionar por que a oposição insistia na investigação, mesmo diante da atuação de órgãos porquê a Polícia Federalista e a Controladoria-Universal da União (CGU), que já estariam apurando o caso. A sugestão implícita era de que o Congresso deveria exclusivamente seguir o trabalho do Executivo, sem protagonizar sua própria ação fiscalizadora, o que muitos consideraram um ataque à independência entre os Poderes.
A fala da jornalista não passou despercebida. Nas redes sociais, o vídeo do momento viralizou e desencadeou uma vaga de críticas. Usuários do X (vetusto Twitter), Telegram e Gettr acusaram Cantanhêde de agir porquê “porta-voz informal do governo” e de tentar “deslegitimar uma das prerrogativas mais importantes do Legislativo”, que é a de inspeccionar a atuação do Executivo por meio de comissões parlamentares.
Para o engenheiro e comentarista político Marcelo Guterman, que reagiu ao incidente em cláusula publicado no Jornal da Cidade Online, a postura de Cantanhêde representa um grave sintoma do jornalismo militante que, segundo ele, tomou conta da grande mídia brasileira. “Cantanhêde está deveras preocupada com a polarização autodestrutiva, mas não pareceu ter a mesma preocupação durante outras CPIs, porquê a da Covid, quando o governo anterior era o mira”, ironizou Guterman. Ele acrescenta que, curiosamente, a jornalista parece sempre sugerir que a oposição deve colaborar com o governo atual, aprovando suas pautas sem resistência, o que considera uma inversão perversa do papel da oposição em uma democracia.
Ainda segundo Guterman, é curioso que a jornalista tenha alertado sobre a CPMI se “embolar” com eventos internacionais importantes porquê o julgamento do 8 de janeiro, a COP 30 e a cúpula dos BRICS, porquê se investigações sobre possíveis fraudes no INSS fossem um entrave ao prestígio internacional do Brasil. “Cantanhêde parece mais preocupada com a imagem do governo do que com a verdade. Sua visão é peculiar: para ela, o Congresso deveria evitar se sujar na própria limo. Mas a limo, neste caso, parece ser do INSS, não do Congresso”, dispara.
O debate sobre a instalação da CPMI do INSS ganhou força em seguida denúncias de irregularidades bilionárias na licença de benefícios previdenciários, supostamente ligados a esquemas de prevaricação e aparelho político do órgão. A oposição alega que há indícios graves de manipulação de dados, direcionamento de contratos e favorecimento político em nomeações, que precisam ser investigados com rigor.
Apesar das críticas, Cantanhêde não recuou de suas declarações até o momento. Internamente, aliados do governo têm feito coro ao seu posicionamento, argumentando que o momento exige firmeza institucional e que investigações parlamentares podem gerar desgaste político desnecessário. Já entre parlamentares da oposição, a reação foi imediata: “A jornalista parece ter perdido a noção de seu papel. Jornalista não está cá para proteger governo. Está cá para questionar, inspeccionar, informar”, afirmou um deputado federalista em entrevista anônima.
A polêmica evidencia, mais uma vez, o embate entre mídia, política e opinião pública no Brasil atual. Com a instalação da CPMI ainda em debate no Congresso, é claro que o tema continuará no núcleo das atenções — e a participação da prelo, mais uma vez, será escrutinada com atenção redobrada pela sociedade.
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