Em 8 de novembro de 2019, o país presenciava um dos eventos mais graves e desonrosos de sua história: Lula era solto. Mal deixara a prisão e já sinalizava sua intenção de disputar a presidência novamente — para o desespero dos brasileiros.
No dia seguinte, participou de seu primeiro grande comício político pós-libertação, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, São Paulo.
Ali, empunhava uma novidade narrativa: a do “puro” perseguido pelo sistema. Foi nesse clima que ele proferiu uma de suas frases mais polêmicas, encaixando perfeitamente com sua novidade postura de vítima:
“Eu não posso ver mais jovens de 14 a 15 anos assaltando e sendo violentado, às vezes inocentes ou às vezes porque roubaram um celular.”
A enunciação repercutiu negativamente: Lula aparentava colocar criminosos lado a lado com vítimas inocentes, relativizando o delito e direcionando sua indignação, não aos assaltantes, mas à ação da polícia.
Enquanto isso, com o vinda da pandemia, a narrativa imposta ao presidente Bolsonaro era oposta: a de vilão, o ‘genocida’.
Sabemos o desfecho: Lula voltou ao poder; Bolsonaro perdeu e, depois, foi dito inelegível.
Mas o tempo passou. E o encantamento começou a ruir.
Hoje o cenário é outro. Apesar do esforço estável para descredibilizar a oposição, Lula alcançou neste ano sua maior taxa de repudiação desde que assumiu o poder pela primeira vez.
As promessas que o elegeram, carregadas de nostalgia e slogans populares, não sustentam a veras.
Lula dizia a quem nunca viajou de avião que iria voltar a voar. E eles acreditavam.
Há mais de três milénio anos, o rei Salomão já havia escrito, no que viria a se tornar o sétimo capítulo do livro de Eclesiastes da Bíblia Sagrada, o seguinte alerta:
“Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores do que estes? Porque não provém da sabedoria esta pergunta.”
A nostalgia costuma ser enganosa: suaviza memórias, apaga dificuldades, mascara a veras.
Lula pode até não entender esse fenômeno na teoria, mas domina sua emprego prática.
Foi logo que se elegeu: vendendo o “retorno” de um conforto idealizado a um eleitorado que, na veras, nunca viveu isso, mas acreditou no sonho.
Em abril de 2024, reiterou sua promessa: o Brasil voltaria a ser grande “quando o pobre puder marchar de avião”. Três dias antes, disse que “não havia esquecido da cervejinha e da picanha”. Será que agora esqueceu?
Na última quarta-feira (19), declarou que não permitirá a “república dos ladrões de celulares” e, ironicamente, que “bandidos tomem conta do país”.
Lula não sente vergonha de desdizer o que afirmou, de ser contraditório ou mentiroso. E, se sente, portanto sua idade avançada já compromete sua lucidez — e ele já pode ser chamado, sem receio, de senil.
A novidade hipocrisia de Lula não é surpresa. Não é novidade. É exclusivamente mais uma na prateleira.
Relembre:
https://www.jornalbrasilonline.com.br/2025/03/os-ladroes-de-celular-lula-e-mais-uma.html/Manancial/Créditos -> JORNAL BRASIL ONLINE