O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) garantiu a aliados que não tem a intenção de sacrificar o ministro da Cultivação, Carlos Favaro (PSD), para alocar o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), no governo. Uma eventual indicação de Lira à pasta seria apoiada pela bancada do PP na Câmara.
Ao ver crescer os rumores sobre troca na Cultivação, o presidente circulou no Planalto que está satisfeito com Fávaro e não vê uma vez que Arthur Lira poderia expandir o contato com Agro. Apesar das dificuldades, Lula avalia que Favaro consegue manter esse diálogo dentro dos limites possíveis e faz boas entregas.
Nomes próximos a Lira interpretam a mensagem de Lula uma vez que um freio na intenção de recebê-lo no governo. Já que não há outro espaço em disputa nem Lira aceitaria ser quieto em um ministério menor.
Auxiliares de Lula, porém, alertam sobre riscos em deixar Lira “solto” na Câmara dos Deputados com receio de que o ex-presidente reforce oposição ao governo.
Fator Kassab
A ofensiva do PP já havia sido interditada por Gilberto Kassab. No traçado pensado por articuladores do centrão, ao terebrar mão da Cultivação, o PSD poderia indicar o líder do partido, deputado Antonio Brito, ao ministério de Desenvolvimento Social. Brito foi preterido na disputa pela presidência da Câmara. Sem pedestal do PT, de quem é próximo, o deputado baiano abriu mão da eleição para concordar o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).
Na incerteza sobre Lira, Lula pode ter que encetar a reforma pelo ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Atualmente de férias, o senador mineiro já sinalizou que tem interesse em conversar com Lula e, futuramente, disputar o governo de Minas Gerais. A Pacheco, a vaga oferecida seria a de Geraldo Alckmin, no Ministério da Indústria e Transacção.