Promessa do ex-governador de São Paulo João Doria contra a Covid, o desenvolvimento da vacina ButanVac custou R$ 61,4 milhões ao Instituto Butantan. O imunizante falhou em testes, que foram interrompidos em agosto, pois a vacina não se mostrou eficiente na produção de anticorpos.
O valor inclui os gastos com ensaios clínicos – para determinar eficiência e segurança da ButanVac – e com a fabricação. A pilar obteve as informações via Lei de Aproximação à Informação (LAI).
A instituição, responsável por abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS) com diversas vacinas, salienta que o montante a ajudou a se apurar para desenvolver novos imunizantes:
“Esse investimento não se restringiu unicamente à ButanVac, mas também contribuiu para o progresso do processo tecnológico e industrial, o que permite a produção de outras vacinas. Dessa forma, os recursos aplicados nessa pesquisa ajudaram e ajudam, até hoje, a aprimorar a infraestrutura e as capacidades do Butantan para o desenvolvimento de futuras vacinas”, informou à pilar via LAI.
Desenvolvimento da ButanVac
Em março de 2021, Doria anunciou o desenvolvimento de uma vacina vernáculo contra a Covid pelo Butantan. O imunizante, porém, usava segmento da tecnologia da Escola de Medicina Icahn do Instituto Mount Sinai, nos Estados Unidos. A invenção desse trajo gerou críticas contra o político e empresário.
O portanto governador de São Paulo pelo PSDB chegou a declarar em junho daquele ano que cada ração custaria R$ 10, menos que as vacinas que seriam aplicadas. À estação, o Butantan prometeu disponibilizar 40 milhões de doses em três meses, com capacidade de produção que poderia subir para 100 milhões de doses por ano.
Os testes duraram três anos. Houve 400 participantes na segunda temporada de ensaios clínicos em humanos, na qual o estudo parou. O instituto justificou que o totalidade de anticorpos medidos em 200 voluntários depois da ButanVac não se equiparou ao dos outros 200 que receberam um imunizante já disponível, que não teve o nome divulgado.
O Butantan informou ter firmado um consonância com a Dependência Pátrio de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que a eficiência da vacina contra a Covid não poderia ser menor que a das demais já aplicadas – o que não ocorreu. Por isso, os testes terminaram.
“Importante primar que não há investimento em vão quando se trata de pesquisa deste tipo, pois os recursos aplicados contribuíram para o progresso de processos tecnológico e industriais, permitindo que outros estudos relacionados se beneficiem do conhecimento amontoado”, diz a nota do Butantan enviada à pilar.
Leia a íntegra da nota:
“O Instituto Butantan investiu R$ 61,4 milhões em pesquisas para o desenvolvimento e avaliação clínica da Butanvac, nos estudos temporada 1 e temporada 2. O valor também inclui ensaios pré-clínicos e produção de lotes piloto. Importante ressaltar, que o desenvolvimento e estudo da Butanvac se deu em meio ao cenário gravíssimo da pandemia da Covid-19.
Durante os ensaios clínicos de temporada 2, no entanto, ficou demonstrado que o imunizante não atingiu o desfecho pré-especificado de sucesso, isto é, ficou aquém dos pré-requisitos estabelecidos de produção de anticorpos contra o vírus. De consonância com a pesquisa, a Butanvac dobrou a quantidade de anticorpos contra a doença posteriormente 28 dias de sua emprego, quando a meta esperada era que induzisse uma produção de anticorpos quatro vezes maior, número atingido por vacina já disponível à população. Com isso, o estudo galeno cumpriu seu papel ao responder a pergunta que foi objeto do figura do estudo temporada 2. A vacina candidata não atingiu a imunogenicidade esperada.
Importante primar que não há investimento em vão quando se trata de pesquisa deste tipo, pois os recursos aplicados contribuíram para o progresso de processos tecnológico e industriais, permitindo que outros estudos relacionados se beneficiem do conhecimento amontoado. O Instituto Butantan segue seu compromisso com a ciência e a saúde da população.”
Por Metrópoles