A polêmica do Pix trouxe um grande prejuízo de reputação para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) justamente em uma de suas bases eleitorais mais fortes: o Nordeste. De negócio com especialistas, as características econômicas da região, que é marcada por muitos trabalhadores informais que complementam sua renda com os chamados bicos, fez com que a monitoração da transação financeira reverberasse mal entre grande segmento dos nordestinos.
Esse facto se refletiu na última pesquisa divulgada pela Genial/Quaest, nesta segunda-feira (27). O levantamento apontou que, embora a região continue sendo onde o petista possui maior índice de aprovação, ela apresentou uma queda brusca de 67% para 60% entre dezembro de 2024 e janeiro deste ano, ou seja, em um pausa de tempo de um mês. A desaprovação, por sua vez, teve um desenvolvimento de 32% para 37% no mesmo período, enquanto 4% não responderam.
Ouvida pelo portal UOL, a socióloga Monalisa Torres, da Universidade Estadual do Ceará (UECE), avaliou que a crise em torno da regulamentação do Pix caiu porquê uma “explosivo” no Nordeste.
– Foi o próprio governo que armou essa explosivo, que não teve traquejo para prever os desdobramentos. Isso, óbvio, favoreceu muito a oposição – observou.
De negócio com Monalisa, a polêmica só teve tamanho impacto porque o governo não tem a crédito da população, em seguida descumprir promessas porquê a de que não ia taxar as compras internacionais.
– Aí, nesse meio, o preço da cesta básica e o dispêndio de vida do trabalhador aumentaram. As pessoas notam que não houve melhoras tão expressivas na vida [com a chegada de Lula ao poder], e isso vai se acumulando, produzindo um conjunto de desconfianças e piorando a avaliação do governo. Por isso a polêmica do Pix teve tanta visibilidade – ponderou.
Para a profissional, a base de suporte de Lula no Nordeste não se deve às pautas progressistas em si, mas sim aos programas sociais criados na gestão petista, porquê o Bolsa Família, o Minha Moradia, Minha Vida e o desenvolvimento das universidades públicas.
– Quando Lula se elege em 2022 com oração de que vai diminuir o preço da cesta básica, que o povo vai voltar a consumir picanha e tomar cerveja no domingo, que vai melhorar a vida do trabalhador, e isso na prática não se realiza, esse sufragista começa a não mais determinar tão positivamente o governo. Passa a não “comprar” todas as polêmicas que o governo se envolve – acrescentou.
CEO da Quaest, Felipe Nunes considera que será necessário “mais do que uma mudança de notícia para mudar a rota desses indicadores”. De negócio com ele, política e gestão terão que escoltar a notícia para que haja uma melhora na avaliação do governo.
– Perder popularidade no Nordeste e na renda baixa significa que o governo está perdendo base que deixa de defendê-lo. Isso fica evidente quando chega a 50% os brasileiros que acreditam que o país está na direção errada e somente 39% na direção certa – frisou.
Segundo Nunes, a notícia negativa mais lembrada espontaneamente pela população foi justamente a do provável monitoramento do Pix. Outro fator de grande insatisfação é o da subida no preço dos provisões.
A pesquisa em questão ouviu 4,5 milénio pessoas entre os dias 23 e 26 de janeiro. A margem de erro é de um ponto percentual.