(Publicado em 13 de novembro de 2020, na Edição 34 da Revista Oeste)
Em uma eleição presidencial norte-americana tão controversa porquê a que estamos presenciando, muitos podem concentrar o foco das atenções nos protagonistas Donald Trump e Joe Biden. A mídia norte-americana, assim porquê grande segmento da brasileira, já declarou Joe Biden com número de delegados suficiente para se seleccionar presidente. Em meio a alegações de fraude em alguns Estados e à espera das declarações oficiais de que o candidato democrata venceu (nenhum Estado oficializou seus números ainda), as ações legais da segmento da campanha de Trump se tornam as peças centrais da cobertura jornalística e das redes sociais.
A verdade é que a eleição no país mais livre do mundo e com as instituições mais sólidas do planeta se transformou em circo de horrores. No meio da pandemia histórica, os democratas usaram o pânico para recomendar que as pessoas ficassem em lar e votassem pelo correio — finalmente, o partido que demonizou os eleitores de Trump durante quatro anos estava preocupado “com todos”. Para nós, brasileiros, acostumados com as urnas eletrônicas, a pergunta é: mas voto pelo correio em volume? O que pode dar inexacto? Quase tudo.
Além das evidências de que milhares de cédulas de pessoas mortas foram usadas, problemas em softwares que transferiram votos de Donald Trump para Joe Biden em 47 lugares, denúncias de funcionários do correio de que supervisores instruíram agentes da empresa a carimbar cédulas com data retroativa ao dia da eleição, há mais uma dezena de eventos no mínimo bizarros. E, na atual politização de absolutamente tudo que cruza nosso caminho nos dias de hoje, o Brasil não ficou detrás com sua ração de bizarrice, mesmo em uma eleição norte-americana.
Liberais (pero no mucho) comemoraram a verosímil eleição de Joe Biden com exalo, alegria e esperança em um mundo melhor.
— Viva! Biden venceu!
— Mas você conhece a plataforma da placa dele?
— Não, mas e daí? O colega do Bolsonaro caiu, e é isso que importa!
— Mas você não é liberal, não preza as liberdades individuais, um Estado mínimo, seco? Reformas tributárias importantes, desregulações e menos intervencionismo no mercado?
— Sim. Mas o colega do Bolsonaro perdeu, e isso é bom!
— Você sabia que se corre o risco de Biden não terminar o procuração? Além dos indícios de depravação do rebento e de tráfico de influência quando era vice de Obama, ele não está tão muito de saúde e pode ter sido usado pela fileira radical do partido para emplacar políticas públicas absurdas até para os antigos democratas.
— Mas o varão laranja perdeu, é isso que importa!
— Você conhece a Kamala Harris, a vice do Joe Biden?
— A primeira mulher negra a ser vice? Empoderada, hein!
— Pode até ser. Mas você sabe o que ela defende? Suas ideias e suas plataformas?
— Não importa. Orange man bad.
Essa poderia ter sido uma conversar fictícia, mas não foi. Foi com uma amiga brasileira que mora cá em Los Angeles e acredita ser liberal, já que o marido é um empreendedor, e que o voto em Joe Biden foi importante porque… muito, porque “orange man bad”. E, enquanto o “varão laranja do mal” continua sendo o protagonista das notícias ruins, a primeira mulher negra, empoderada e tudo de bom de tratado com as listas do politicamente correto segue porquê a estrela do circo. Mas quem é Kamala Harris?
Kamala engavetou arquivos com provas contra padres que praticaram insulto sexual
A primeira coisa que muitos precisam saber, principalmente os liberais de Taubaté do Brasil, é que Kamala pode estar prestes a conduzir a região mais poderosa do mundo e que de liberal ela não tem absolutamente zero. Todos cá nos EUA já entenderam o projecto, principalmente os doadores do Partido Democrata. Os grandes bancos que controlam Joe Biden há décadas, desde quando ele era senador, ficaram nervosos quando o candidato acenou ainda na campanha para outros nomes mais moderados para o posto de vice. Quando Biden escolheu Kamala, muitos doadores não conseguiram moderar o exalo, jogaram para o cimeira o velho pragmatismo norte-americano e foram às redes sociais comemorar.
Enquanto os gordos doadores e lobistas do partido comemoravam o nome politicamente correto de Harris, a verdade é que muitos eleitores nunca mostraram muito exalo por ela. Na verdade, Kamala era tão notavelmente impopular que, nas primárias democratas, apesar da imensa torcida e dos empurrões da mídia, ela teve de desistir da corrida. E foi ainda durante um debate nas primárias que Kamala acusou Joe Biden de ser racista e segregacionista (talvez pelos antigos e profundos laços com senadores ligados à Ku Klux Klan, porquê Robert Byrn). Também durante as primárias, quando Biden se viu culpado de assédio sexual por sua antiga secretária, Tara Reade, Kamala foi uma das primeiras a expor na TV: “Devemos crer na vítima! Eu acredito nela!”. Mas, em nome do paixão à subida política, à glória e à cadeira detrás da Resolute Desk, Kamala nunca mais — nunca mais — tocou no tema. Mexeu com uma… ah, deixa pra lá.
Mas esse não foi o primeiro incidente em que Kamala se apaixonou por poder e subida com uma certa, digamos, moral seletiva. Em meados da dez de 1990, ela namorou Willie Brown, que foi investigado pelo FBI por conflitos de interesses quando era o presidente da Reunião da Califórnia e o prefeito de São Francisco. Kamala teve um caso extraconjugal com Brown e se beneficiou de seu patrocínio político. Brown, um dos homens mais poderosos da Califórnia, nomeou Kamala duas vezes para cargos de destaque, que a lançaram na política. Quando ela anunciou sua candidatura presidencial, em janeiro de 2019, Brown escreveu um cláusula para o San Francisco Chronicle intitulado: “Simples, namorei Kamala Harris, e daí?”. Num trecho, ele informa: “Sim, nós namoramos. Isso foi há mais de vinte anos. Sim, posso ter influenciado sua curso ao indicá-la para postos estaduais importantes quando era o presidente da Reunião da Califórnia”. Na estação, Brown tinha 60 anos, e Kamala, 29.
Logo em seguida, Kamala subiu ao posto de promotora da cidade de São Francisco. Uma de suas maiores manchas da estação foi o traje de ela ter parado de investigar supostos abusos infantis dentro da Igreja Católica. O predecessor no função tinha todos os arquivos sobre padres abusadores, mas, logo que Kamala assumiu o posto, ela se recusou a compartilhá-los com as vítimas e os documentos foram engavetados. Até hoje, a vice de Biden carrega o estigma de não ter ajudado de forma proativa nos processos civis contra o clero durante os anos em que atuou porquê promotora.
De tratado com várias vítimas e seus advogados, nos sete anos porquê promotora distrital, Kamala também ignorou pedidos de ativistas e sobreviventes para acessar arquivos que poderiam ter ajudado a prometer a ação da Justiça. Joey Piscitelli, uma das vítimas, afirma que mesmo depois de Kamala ter sido eleita procuradora-geral da Califórnia, em 2010, ela continuou a evitar qualquer ação relacionada ao problema.
Quando Kamala subiu ao posto de procuradora-geral da Califórnia, suas ações mostraram uma série de contradições. Ela pressionava por programas de auxílio a criminosos responsáveis por delitos considerados menos graves em vez de colocá-los na prisão. Ao mesmo tempo, mantinha milhares de pessoas trancafiadas mesmo depois de terem provado inocência. Ela se recusou a defender a pena de morte contra um varão que matou um policial, mas defendeu a pena capital em tribunal.
Certa vez, Kamala impediu a realização de um teste de DNA que poderia ter inocentado Kevin Cooper, um presidiário no galeria da morte. Cooper foi sentenciado em 1983 pelo assassínio de três crianças, entre elas sua filha Jessica, de 10 anos. Com o progresso da ciência judicial, seus advogados lutaram por testes avançados de evidências de DNA, mas Kamala se opôs aos testes de Cooper e de mais uma dezena de presos enquanto ocupava o comando da Procuradoria-Universal da Califórnia. No ano pretérito, depois que o caso foi divulgado pelo The New York Times, ela disse ao jornal que se sentia “péssima com isso” e agora apoiaria os testes. Too little too late.
Ela pediu doações para tirar da enxovia bandidos que estavam ateando queima no país
Foi também porquê procuradora-geral que ela passou anos subvertendo uma decisão de 2011 da Suprema Galanteio que determinava a redução da população carcerária do Estado. Trabalhando em conjunto com o governador Jerry Brown, Kamala e sua equipe apresentaram moções que foram condenadas por juízes e especialistas legais porquê obstrucionistas, de má-fé e sem sentido, sugerindo que a Suprema Galanteio não tinha jurisdição para ordenar a medida. A intransigência das ações de Kamala resultou, na consideração dos juízes que presidiam o caso, na pena do Estado por desacato ao tribunal. Essa extrema resistência a uma decisão da Suprema Galanteio foi feita para evitar a libertação de menos de 5 milénio infratores não violentos que vários tribunais já haviam inocentado por apresentar quase nenhum risco de reincidência ou ameaço à segurança pública.
Uma vez que toda boa e aplicada seguidora do manual da hipocrisia, Kamala também colocou murado de 1,5 milénio pessoas na prisão por violações de uso de maconha, mas riu depois em uma entrevista quando lhe perguntaram se alguma vez havia fumado a droga. Na estação, durante seu procuração porquê procuradora-geral, a venda e o porte de maconha eram ilegais na Califórnia. Os eleitores do Estado decidiram legalizar a maconha recreativa somente em 2016, o mesmo ano em que Kamala foi eleita para o Senado dos EUA e deixou seu posto de procuradora.
Durante os recentes protestos violentos nas grandes cidades norte-americanas do grupo marxista Black Lives Matter e do grupo terrorista Antifa, a vice de Biden não condenou uma única vez os saques e o vandalismo, e ainda acrescentou que essas vozes deveriam ser ouvidas e que não poderiam parar. Durante muitos protestos que acabaram em violência e prisões, Kamala mostrou suas verdadeiras cores. Ela apoiou o perigosíssimo movimento Defund the Police, que visa ao incisão do orçamento das corporações policiais em todo o país. Foi além: divulgou na internet uma página que arrecadava doações para tirar da enxovia bandidos que estavam ateando queima no país.
A pergunta que não quer silenciar é se Biden, oficialmente eleito, sucumbirá à plataforma radical da fileira extrema no partido a que Kamala Harris pertence. Aumento de impostos, regulações, Estado inflado, políticas de fronteiras abertas, aproximação perigosa e sem freios com a China, agenda ambiental utópica, desterro de combustíveis fósseis, principalmente agora que o país é autossuficiente, agenda agressiva para a política de gênero.
As políticas que Kamala Harris apoia são perigosas: basta olhar seu pretérito e o próprio site solene da placa. A preocupação não resulta somente do esquina de sereia de figuras porquê Kamala coligado a uma prensa que perdeu qualquer escrúpulo e contato com a verdade. O problema também está em porquê muitos “liberais”, por pura picuinha política, estão fechando os olhos para políticas que afetarão — negativamente — a vida de todos nós em efeito cascata, e para consequências muito piores do que as malcriações no Twitter do varão laranja do mal.
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