“Presidente não ia dar golpe nenhum”, diz conta atribuída à mulher de Mauro Cid

Trocas de mensagens entre o jurisconsulto Eduardo Kuntz, patrono do réu Marcelo Câmara, e um perfil do Instagram supostamente usado por Gabriela Cid, esposa do tenente-coronel Mauro Cid, apontam que o logo presidente Jair Bolsonaro não pretendia dar um golpe de Estado.

Segundo informações obtidas pela revista Oeste, as conversas revelam que o perfil, possivelmente manuseado pelo próprio Mauro Cid mesmo com proibição de usar redes sociais, falou sobre uma audiência marcada para novembro de 2024 no Supremo Tribunal Federalista (STF). A sessão, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, teria o objetivo de esclarecer contradições resultantes de áudios vazados pela revista Veja.

No trecho mais contundente, a conta afirma:

“O mais foda é sentir que estou ferrando todo mundo. Fruto de uma perseguição que eu não tive malícia que iria sobrevir. E eu fui muito simples lá. O presidente não iria dar golpe nenhum. Ele estava mal. Ele queria encontrar uma fraude nas urnas, de forma solene pelo partido.”

Resguardo de Bolsonaro pede anulação da delação de Mauro Cid

A resguardo do ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou ao Supremo Tribunal Federalista a anulação da delação premiada de Mauro Cid, baseando-se nas mensagens reveladas. Os advogados argumentam que os conteúdos “são graves” e demonstram que Cid teria violado o sigilo da colaboração e mentido durante seu prova.

Em petição, a equipe de resguardo afirmou:

“De traje, o texto das diversas mensagens expõe não só a falta de voluntariedade, mas principalmente a privação de credibilidade da delação. Destarte, são nulos (porque ilícitos) os seus depoimentos e, também, as supostas provas dele decorrentes. Desde já, portanto, mostra-se imprescindível a rescisão e anulação do tratado de delação premiada do corréu Mauro Cid, reiterando-se cá o pedido formulado na resguardo prévia, o que desde já requer-se.”

A relevância das mensagens ganhou peso por colocarem em xeque não somente o teor da colaboração premiada de Cid, mas também a legitimidade de provas derivadas dela, conforme indicado pela resguardo do ex-presidente.