Distribuidoras alertam para risco de falta de medicamentos em hospitais por desequilíbrio financeiro e subida inadimplência
O aumento no dispêndio de medicamentos destinados ao mercado institucional —que inclui hospitais, clínicas e unidades ambulatoriais— tem proeminente a pressão sobre as distribuidoras. O setor enfrenta desequilíbrio financeiro, margens de lucro reduzidas e subida inadimplência, o que pode levar ao desabastecimento de produtos essenciais.
O alerta é da Abradimex (Associação Brasileira de Distribuidores de Medicamentos Especializados, Excepcionais e Hospitalares), com base em estudo elaborado pela consultoria Deloitte, ao qual o Poder360 teve chegada.
A Abradimex reúne as 15 maiores distribuidoras de medicamentos voltadas ao mercado institucional, que abastece tanto a rede pública quanto a privada. Nessas empresas, a principal despesa é a compra dos próprios medicamentos, que corresponde, em média, a 83% dos custos totais.
Segundo o estudo, em 2022 e 2023, o aumento nos custos das mercadorias vendidas superou o incremento da receita líquida do setor. O cenário é atribuído, entre outros fatores, aos reajustes definidos pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) e às estratégias de precificação adotadas pela indústria farmacêutica.
Outro fator que contribui para a pressão financeira é o descompasso entre os prazos de pagamento aos laboratórios e o recebimento dos hospitais. As distribuidoras costumam remunerar à indústria em até 42 dias, enquanto os hospitais realizam o pagamento, em média, em até 75 dias —prazo que pode ser prorrogado.
Nos últimos 3 anos, a margem líquida das distribuidoras caiu 48%, enquanto o volume de dívidas a receber aumentou. A subida inadimplência no conduto hospitalar agrava ainda mais o cenário. Segundo o presidente-executivo da Abradimex, Paulo Maia, o setor tem arqueado com os prejuízos para evitar a interrupção no fornecimento de medicamentos aos pacientes.
A entidade também aponta preocupações com a reforma tributária. A avaliação é que eventuais mudanças nos incentivos fiscais podem comprometer ainda mais a rentabilidade, principalmente em regiões com maiores custos logísticos. “O risco de desabastecimento pode se tornar iminente”, afirma Maia.
As distribuidoras da Abradimex atuam principalmente com medicamentos de subida complicação, uma vez que oncológicos, imunossupressores e produtos voltados a tratamentos ambulatoriais de maior dispêndio.
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