Conflito expõe rachadura na direita e agita redes sociais com críticas sobre honra militar, lealdade e o papel das Forças Armadas
Em mais um capítulo polêmico da política brasileira, o pastor Silas Malafaia voltou aos holofotes nesta segunda-feira (8) ao disparar críticas contundentes contra o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e os generais do Supino Comando do Tropa. O embate verbal, iniciado posteriormente uma publicação de Mourão na rede social X (vetusto Twitter), expôs tensões internas entre líderes conservadores e reacendeu o debate sobre a atuação dos militares diante dos acontecimentos políticos recentes.
O pivô da discórdia foi o exposição inflamado de Malafaia durante o ato pela anistia dos presos políticos do 8 de janeiro, realizado no domingo (6) na Avenida Paulista, em São Paulo. O pastor, uma das principais vozes evangélicas e protector ferrenho do ex-presidente Jair Bolsonaro, usou palavras duras para cobrar uma posição do Supino Comando do Tropa. Segundo ele, os generais estariam sendo omissos em relação à prisão de patriotas e à escalada autoritária no país.
“Cadê esses generais de quatro estrelas do Supino Comando do Tropa? Cambada de frouxos, cambada de covardes, cambada de omissos. Vocês não honram a farda que vestem. Não é para dar golpe, não, é para marcar posição!”, disparou Malafaia em cimeira e bom som diante de milhares de manifestantes.
A fala repercutiu fortemente nas redes sociais e gerou reação do senador Hamilton Mourão, general da suplente e ex-vice-presidente de Bolsonaro. Sem reportar nomes, Mourão publicou em sua conta no X que um “falastrão” teria se aproveitado de um ato legítimo para brigar injustamente os integrantes do Tropa. Em tom crítico, o senador acusou Malafaia de “falta de escrúpulos” e “ignorância sobre honra, responsabilidade e pátria”, valores que, segundo ele, regem a conduta dos militares brasileiros.
A resposta de Malafaia não demorou. Horas depois, o pastor publicou um vídeo mirando diretamente em Mourão, a quem chamou de “traíra” e “covarde”. Ele ainda afirmou que o senador nunca foi leal ao ex-presidente Bolsonaro e o acusou de se omitir nos momentos mais críticos, inclusive agora, quando se discute a anistia aos presos dos atos do 8 de janeiro.
“Você é tão covarde quanto seus coleguinhas do Supino Comando. O ministro da Resguardo de Lula, José Múcio, que é social, é mais corajoso que vocês todos. Ele teve a hombridade de manifestar: ‘Não existiu golpe!’”, declarou Malafaia. “Mourão, você perdeu uma oportunidade de permanecer embatucado. Está apanhando nas redes sociais. Covarde falastrão.”
A pendência pública rapidamente virou objecto nas principais plataformas digitais e dividiu opiniões entre apoiadores da direita. Enquanto uns defendem a coragem de Malafaia por denunciar a “preterição” dos militares, outros consideram as falas desrespeitosas e contraproducentes para a união da direita em um momento decisivo para o Brasil.
A repercussão também gerou implicações políticas. Parlamentares de oposição ironizaram a pendência entre figuras da direita, enquanto aliados de Bolsonaro tentaram minimizar o incidente, alegando que divergências pontuais não comprometem o objetivo maior de combater os abusos institucionais e prometer justiça para os envolvidos no 8 de janeiro.
Especialistas avaliam que o embate entre Malafaia e Mourão revela uma cisão cada vez mais explícita entre diferentes correntes do conservadorismo brasílico. De um lado, os que defendem uma postura mais combativa e direta contra o sistema. De outro, os que optam por uma estratégia institucional e moderada.
Ou por outra, a polêmica reaquece a discussão sobre o papel das Forças Armadas no atual cenário político e social. A cobrança por uma posição mais firme por secção dos generais é vista por muitos uma vez que uma demanda legítima, enquanto outros consideram perigoso envolver os militares em questões civis e partidárias.
Com a proximidade das eleições municipais de 2026 e a jacente pressão por posicionamentos claros, tanto líderes religiosos quanto políticos deverão medir melhor suas palavras e estratégias. O incidente entre Malafaia e Mourão, no entanto, deixa simples que a guerra de narrativas dentro da própria direita está longe de rematar.
Enquanto isso, o povo brasílico assiste a mais um capítulo dessa romance política, onde fé, patriotismo e lealdade continuam sendo os temas centrais de um debate cada vez mais incendido – e imprevisível.
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