A rede de notícia Mídia Ninja, que é ligada à esquerda, tem usado ONGs para receber repasses do governo federalista enquanto afirma publicamente não ser bancada com verba público. Duas entidades diretamente ligadas ao grupo, e cujos representantes têm atuação no Ministério da Cultura, obtiveram R$ 4 milhões em convênios, emendas parlamentares e lei de incentivo durante o atual procuração de Lula (PT).
Liderado pelo ativista Pablo Capilé, a Mídia Ninja apoiou Lula oficialmente à presidência, em 2022. Fez campanha para “virar votos” e, ao anunciar a vitória do petista sobre o logo presidente Jair Bolsonaro (PL), escreveu “vencemos” em uma publicação. Procuradas, as entidades negam ter sido escolhidas por seu vínculo político com a gestão do petista. Elas dizem ser exclusivamente parceiras da Mídia Ninja, sem poder falar pelo movimento.
As páginas oficiais do movimento Ninja somam quase 7 milhões de seguidores nas principais redes sociais (4,6 milhões no Instagram, 1,2 milhão no YouTube e 1 milhão no X).
No site solene, a Mídia Ninja afirma não ser bancado por verba pública e critica os “veículos de notícia corporativos” que “sobrevivem às custas de altos investimentos públicos”. Entretanto, seus cofundadores dirigem organizações não governamentais que recebem verba do governo. O movimento não tem personalidade jurídica própria, mas financia seus projetos por meio de duas ONGs nos nomes de seus fundadores. Elas já ganharam R$ 1,6 milhão desde 2023.
Há, ainda, mais R$ 2,4 milhões previstos por meio de incentivos e convênios assinados ou pré-acordados por elas com o Ministério da Cultura e com o Ministério da Justiça, por meio do Fundo de Resguardo de Direitos Difusos. O presidente de uma delas foi autorizado a captar R$ 985 milénio por meio da Lei Rouanet.
Ele diz não ter conseguido captar os recursos.
Os principais projetos financiados com verba pública levam o nome Ninja ou têm seções próprias dentro do site solene do movimento. Em notas enviadas pela mesma assessoria de prelo, as entidades afirmaram que não falam em nome da Mídia Ninja, mas relataram uma “relação procedente de suporte executivo e institucional” porque o movimento é “uma rede de notícia livre” formada por “diferentes produtores e gestores culturais”.
A principal contemplada é a Associação Coletivo Cultural, com R$ 3,4 milhões. Uma secção da verba, R$ 296 milénio, partiu de convênio com a Instauração Pátrio de Artes (Funarte), ligada ao Ministério da Cultura.
O líder da ONG, Talles Pereira Lopes, e a conselheira fiscal, Karla Kristina Oliveira Martins, são fundadores da Mídia Ninja e fizeram secção de colegiados da Funarte que atuaram na escolha de projetos na estação em que a organização deles foi contemplada.
Um dos documentos apresentados pela ONG ao governo demonstra que a relação dela com a Mídia Ninja é mais do que de “suporte”.
Em nota, o ministério afirmou que seguiu critérios estabelecidos em uma portaria que determinava a seleção de dez representantes da sociedade social “com reconhecida atuação no segmento artístico”, sendo pelo menos um de cada região do país. Também foram considerados elementos de heterogeneidade territorial, étnico-racial, de gênero e de atuação. As informações são do Estadão.
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