O Brasil testemunhou mais um incidente digno de um país subjugado pelo transgressão. Na noite deste sábado, 15 de fevereiro, um grupo de traficantes fortemente armados atacou a 60ª Delegacia de Polícia (DP) em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, numa tentativa ousada de resgatar Rodolfo Manhães Viana, sabido uma vez que “Rato”, um dos chefões do tráfico na comunidade Vai Quem Quer. A ação foi um verdadeiro ataque frontal ao sistema de segurança pública, evidenciando o progresso do narcoestado no país.
Viana não é um criminoso qualquer. Ele é indicado uma vez que o líder integral do tráfico na região, um nome que impõe pânico tanto entre os rivais quanto entre os moradores da comunidade. Sua prisão, ocorrida poucas horas antes do ataque, foi um golpe contra a jerarquia do tráfico, o que explica a reação violenta de seus aliados. Ao lado dele, foi tomado seu segurança pessoal, Wesley de Souza Espírito Santo, outro nome de peso dentro da estrutura criminosa sítio.
O que se seguiu foi uma mostra brutal de poder do transgressão organizado. Muro de dez homens armados cercaram a delegacia e abriram incêndio contra a frente, numa tentativa desesperada de libertar Viana antes que ele fosse transferido.
O troada foi intenso, deixando a estrutura do prédio danificada e ferindo dois policiais, que, mesmo atingidos, resistiram e impediram a invasão. Viana já havia sido transferido, antes dos ataques. O contra-ataque veio com uma megaoperação nas favelas da região, mas a veras é inegável: o transgressão age uma vez que um governo paralelo. O poder do tráfico não se esconde mais – ele ataca de frente.
O Estado omisso e até mesmo cúmplice em algumas ocasiões, tenta restaurar o controle de uma guerra urbana que já ultrapassou o limite da contenção.
Karina Michelin. Jornalista. Jornal da cidade