Luiza Helena Trajano, presidente do parecer de gestão do Magazine Luiza, fez um apelo público ao presidente do Banco Meão, Gabriel Galípolo, durante um evento na Fiesp, em São Paulo, em fevereiro de 2025. Ela pediu que ele evitasse anunciar novos aumentos na taxa básica de juros, a Selic, argumentando que isso prejudica o setor varejista. Segundo Trajano, o varejo é o primeiro a sentir os impactos negativos de juros altos, afetando diretamente as vendas. A empresária destacou que essas sinalizações atrapalham o planejamento das empresas desde o início.
O pedido de Trajano reflete a preocupação do setor produtivo com os efeitos da política monetária restritiva do Banco Meão. Ela enfatizou que pequenas e médias empresas, fundamentais para a geração de empregos no Brasil, estão enfrentando dificuldades para sobreviver em um cenário de juros elevados. A Selic, que em fevereiro de 2025 está em 13,25% ao ano, deve subir para 14,25% na próxima reunião do Copom, em março. Para Trajano, o aumento contínuo dos juros compromete a capacidade de incremento e sustentabilidade dessas empresas.
A executiva também sugeriu que o Banco Meão precisa “pensar fora da caixa” para encontrar alternativas ao aumento de juros no combate à inflação.
Ela argumentou que o protótipo atual não está funcionando e que é necessário buscar soluções inovadoras para lastrar a economia. Trajano defendeu que a notícia de altas futuras da Selic desestimula o consumo e os investimentos, afetando a retomada econômica. Sua fala foi feita em tom ligeiro, mas com um fundo de seriedade, arrancando risos dos presentes no evento.
Gabriel Galípolo, por sua vez, não respondeu diretamente ao apelo de Trajano, mas reafirmou o compromisso do Banco Meão em controlar a inflação. Ele destacou que o procuração da instituição é manter os juros em um patamar restritivo pelo tempo necessário para trazer a inflação à meta de 3%. Galípolo reconheceu as dificuldades enfrentadas pelo setor produtivo, mas enfatizou que a segurança da moeda é forçoso para proteger a economia.
Ele também mencionou a relevância de evitar soluções que já falharam no pretérito.
O evento na Fiesp reuniu representantes de diversos setores, uma vez que varejo, indústria e serviços, que expressaram crédito na autonomia de Galípolo adiante do Banco Meão. Apesar disso, as críticas à política de juros foram unânimes, com empresários apontando os impactos negativos na atividade econômica. Trajano, representando o varejo, reforçou que o setor é o “primeiro que sofre e o primeiro que demanda”, sendo forçoso para a geração de empregos. O debate evidenciou a tensão entre os objetivos do Banco Meão e as necessidades do setor produtivo.
Essa não é a primeira vez que Luiza Trajano se posiciona contra a subida dos juros. Em 2023, durante um evento com o portanto presidente do Banco Meão, Roberto Campos Neto, ela já havia feito um apelo semelhante, cobrando uma redução da Selic. Sua postura reflete uma preocupação recorrente com os efeitos das taxas elevadas no varejo e nas pequenas empresas. O embate entre a visão do setor empresarial e a política monetária do Banco Meão continua sendo um ponto medial no cenário econômico brasílio.