O presidente do Banco Médio (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta sexta-feira (14/02) que o Brasil ainda enfrentará um cenário de inflação supra da meta e desaceleração da atividade econômica nos próximos meses. Durante reunião com representantes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Galípolo destacou que a política monetária restritiva, com a taxa Selic em 13,25% ao ano, deve primeiro impactar a atividade econômica e, posteriormente, reduzir a inflação.
Inflação persistente e efeitos da política monetária
Galípolo explicou que a inflação atual é resultado de fatores uma vez que a pandemia, a guerra na Ucrânia e a desorganização das cadeias globais de suprimentos, que pressionaram os preços de forma persistente. Para moderar esse cenário, o BC elevou a taxa básica de juros em quatro aumentos consecutivos, com previsão de novidade subida para 14,25% em março.
O presidente do BC ressaltou que a política monetária atua de forma assimétrica: mais agressiva nos momentos de subida de juros e mais parcimoniosa na estudo dos dados. Ele destacou que a desaceleração da economia é um passo necessário para que a inflação comece a tombar, mas admitiu que esse processo pode ser “desconfortável” para famílias e empresas.
Cenário econômico e expectativas
Apesar do cenário provocador, Galípolo destacou que a economia brasileira tem superado as expectativas de propagação desde 2024, com ganhos de produtividade e reformas estruturais que elevaram o PIB potencial do país. No entanto, o Ministério da Quinta revisou para reles a projeção de propagação do PIB em 2025, de 2,5% para 2,3%, refletindo os efeitos da desaceleração.
Galípolo também mencionou que o BC está sisudo aos riscos de uma contrarreação fiscal, que poderia comprometer os esforços de controle da inflação. Ele elogiou a postura do ministro da Quinta, Fernando Haddad, em relação à responsabilidade fiscal, mas alertou para a premência de manter o estabilidade nas contas públicas.
Novo regime de metas de inflação
A partir de 2025, o Brasil adotou um novo regime de metas de inflação contínuas, no qual o presidente do BC deve enviar cartas ao ministro da Quinta caso a inflação acumulada em 12 meses ultrapasse a meta por seis meses consecutivos. Galípolo já enviou uma missiva em janeiro, explicando o descumprimento da meta em 2024, e deve enviar outra em junho, já que a inflação deve permanecer supra do teto de 4,5% no primeiro semestre .
O cenário descrito por Galípolo reflete os desafios de lastrar o controle da inflação e o propagação econômico. Enquanto a política monetária restritiva deve continuar no pequeno prazo, o presidente do BC reforçou a relevância de medidas fiscais responsáveis e da paciência para que os efeitos da desaceleração se traduzam em queda da inflação. Para os brasileiros, o momento exige resiliência diante de um cenário que ainda deve ser marcado por pressões inflacionárias e menor dinamismo econômico….continue lendo