A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR, foto), publicou sua ata para comentar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Medial de solevar em mais um ponto percentual a taxa básica de juros, que foi a 13,25% ao ano. A ata que vale, do Copom, só sai na semana que vem.
Segundo a deputada federalista, o responsável pelo aumento é Roberto Campos Neto, que deixou o BC oficialmente em 31 dezembro de 2024, para dar lugar a Gabriel Galípolo, indicado por Lula. “O novo aumento da taxa básica de juros, já determinado desde dezembro pela direção anterior do Banco Medial e anunciado hoje, é péssimo para o país e não encontra qualquer explicação nos fundamentos da economia real”, reclamou a petista em seu perfil no X.
Não é muito assim
Ao contrário do que diz Gleisi, a direção anterior do BC não determinou esse aumento. O Copom somente informou que, mantidas as condições econômicas e expectativas do mercado, seria necessário solevar a Selic em um ponto percentual não somente em dezembro, mas também nas duas primeiras reuniões de 2025.
Sob o comando de Galípolo, o BC reafirma isso na nota em que anunciou a novidade elevação na taxa básica de juros nesta quarta-feira, 29: “Diante da ininterrupção do cenário inverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”. Segundo Gleisi, a subida nos juros “vai tornar mais rosto a conta da dívida pública, sufocar as famílias endividadas, restringir o chegada ao crédito e o propagação da atividade econômica”.
“Nem mesmo os agentes do mercado acreditam na apregoada eficiência antiinflacionária da política contracionista que foi imposta ao país.
Tanto mal, mesmo depois os novos choques de juros, o Boletim Focus desta semana projetava um IPCA de 5,5% para 2025, e não a redução prometida pela escalada dos juros”, reclamou a petista, transferindo a culpa do governo Lula para o BC. “Não resta muita opção“
Gleisi encerrou sua ata com um carinho a Galípolo, que, aparentemente, é uma das vítimas da história:
“Neste momento sabemos que não resta muita opção ao novo presidente do BC, Gabriel Galípolo. Restam desafios para reposicionar as expectativas do mercado e a orientação da instituição que dirige.”
Ela omitiu, todavia, que tanto Galípolo quanto Campos Neto disseram que o indicado de Lula teve protagonismo na última reunião do Copom em 2024. Ou seja, segundo os dois, Galípolo não somente concordou com a estratégia de anunciar duas novas elevações, uma vez que liderou o Copom na decisão.