O caso de Fernanda Torres, acusada de racismo por ter feito blackface em um quadro humorístico de 2008, reacende a discussão sobre a cultura “woke” e as cobranças em torno de ações e representações do pretérito. Em uma era onde o politicamente correto e o ativismo social se tornaram forças poderosas, qualquer associação com práticas consideradas ofensivas, porquê o blackface, pode levar ao “cancelamento” de figuras públicas, independentemente do tempo ou contexto.
O Pedido de Desculpas de Fernanda Torres
No último termo de semana, Fernanda Torres foi intuito de críticas nas redes sociais posteriormente a repercussão de um esquete do Fantástico, no qual ela usava maquiagem para parecer uma empregada doméstica negra. Em resposta à controvérsia, a atriz publicou um pedido de desculpas, inicialmente divulgado pelo site Deadline, um importante veículo de Hollywood. Torres alegou ignorância sobre o simbolismo do blackface na era em que o esquete foi feito, destacando que a consciência sobre a história do racismo e o significado da prática não eram amplamente reconhecidos na sociedade naquele momento.
A atriz, que atualmente é um ícone do progressismo artístico no Brasil, se comprometeu a continuar atenta às questões de desigualdade e racismo. Porém, sua explicação e pedido de desculpas não foram suficientes para dissipar muitos críticos, que questionaram a natureza do pedido, argumentando que a consciência do movimento preto já estava presente em 2008.
O Contexto do Blackface e as Reações
O blackface tem suas origens no século XIX nos Estados Unidos, quando atores brancos se pintavam de preto para retratar estereótipos racistas em peças teatrais. Com o tempo, o blackface se tornou um símbolo de discriminação racial, sendo amplamente rejeitado por sua relação com o racismo estrutural.
Além de Fernanda Torres, outras personalidades também enfrentaram o escrutínio público por associações com o blackface. O Primeiro Ministro canadense Justin Trudeau, por exemplo, foi forçado a pedir desculpas em 2019, posteriormente a divulgação de fotos de uma sarau onde ele usou maquiagem para negrejar a pele. O desportista gálico Antoine Griezmann também foi criticado em 2017 por se pintar de preto para uma sarau temática.
A atriz Zoe Saldaña e a cantora Katy Perry também se desculparam por decisões passadas que envolveram representações problemáticas de figuras negras. A discussão sobre o blackface segue sendo um tema sensível e questionável, com muitos considerando as retratações públicas insuficientes ou forçadas.
A Incoerência na Cultura Woke
O caso de Fernanda Torres também expõe as contradições da cultura “woke”, que procura emendar as injustiças históricas, mas que também se caracteriza por julgamentos implacáveis do pretérito. A atriz, uma figura importante no cenário artístico progressista, tornou-se intuito de um movimento do qual ela própria faz secção. Essa ironia alimenta um debate sobre a eficiência e os limites da cultura do cancelamento, que pode rematar ignorando o contexto e a evolução da consciência social.
Ou por outra, a sátira ao pedido de desculpas da atriz, feita em um veículo de mídia voltado para Hollywood, porquê o Deadline, levanta questões sobre a autenticidade de sua retratação. Muitos consideram que o pedido foi mais uma estratégia de imagem, oferecido o impacto que questões de variedade e inclusão têm em Hollywood, principalmente em um ano de premiações, porquê o Oscar, onde Torres concorre com Ainda Estou Cá.
A Pressão do Politicamente Correto
A situação de Fernanda Torres reflete o crescente fenômeno do “politicamente correto” que, em muitos casos, exige que celebridades e figuras públicas se alinhem com um conjunto de normas éticas e sociais definidas, muitas vezes sem levar em conta as circunstâncias em que determinados erros foram cometidos. O caso também é um revérbero de um envolvente em que qualquer deslize em relação a questões sensíveis pode ser amplamente amplificado e resultar em duras críticas, independentemente de intenções ou contextos passados.
Em última estudo, o caso de Fernanda Torres evidencia a crescente polarização em torno da cultura “woke” e porquê ela impacta não exclusivamente a vida de figuras públicas, mas também as complexas relações entre o pretérito e as normas sociais do presente.