Fechado para visitação desde 2020, o Museu Pátrio de Belas Artes está com mais de 90% de sua reforma concluída segundo estimativas dos arquitetos envolvidos no projeto.
Trata-se da maior obra já realizada no prédio, que possui 20.958 metros quadrados e guarda um dos maiores acervos do país, com aproximadamente 70 milénio itens, incluindo diversas obras emblemáticas para a história brasileira. Entre elas, estão as telas Primeira Missa no Brasil e Guerra dos Guararapes, concluídas respectivamente em 1861 e em 1879 pelo pintor Victor Meirelles.
Localizado na Rossio da Cinelândia, no núcleo do Rio de Janeiro, o Museu Pátrio de Belas Artes celebrou nesta segunda-feira (13) o natalício de 88 anos da assinatura do Decreto-Lei 378/1937 pelo portanto presidente Getúlio Vargas, no qual foi criada a instituição. Para marcar a data, foi realizada uma palestra com arquitetos envolvidos na reforma.
Apesar do estágio avançado da obra, a expectativa é de que a reabertura completa ocorra somente em 2026. No entanto, a museóloga Daniela Matera, diretora de museu, conta que ao longo desse ano pretende realizar diversos eventos nos espaços que já estiverem liberados.
Há a expectativa de perfurar ao público em breve a lojinha, o moca e o teatro, muito porquê permitir o funcionamento normal do núcleo de pesquisa e do núcleo de documentação. A escolha de uma novidade identidade visual também está nos planos.
Daniela destaca também que as atividades ao público nunca deixaram de ocorrer.
“Fechados estamos, mas abertos também. Nesses últimos anos, transbordamos, realizando eventos e atividades que extrapolam as nossas barreiras físicas, em um movimento de transbordamento porquê um movimento contínuo e ordenado, porquê um rio.”
Obra
Iniciada há quase cinco anos, a reforma envolveu praticamente todo o prédio. Na frente, por exemplo, foram restaurados os relevos em terracota, os baixos-relevos, os nichos e os medalhões com retratos de membros da Missão Artística Francesa que desembarcou no Brasil em 1816.
Esquadrias e vidros também foram todos recuperados. Para a segmento interna, também foi desenvolvido um projeto de proteção contra incêndio.
Embora o Museu Pátrio de Belas Artes tenha sido legalmente criado em 1937 e inaugurado em 1938, o prédio é mais velho. Ele foi construído entre 1906 e 1908, durante as modernizações urbanísticas realizadas pelo prefeito Pereira Passos no Rio de Janeiro, que era na idade a capital federalista.
O prédio foi o primeiro lugar de funcionamento da Escola Pátrio de Belas Artes. O arquiteto Adolfo Morales de Los Rios apresentou um projeto bastante detalhista que incluiu inúmeros elementos decorativos, ornamentos e colunas, além de requerer a importação de diversos materiais. Há, por exemplo, portões de ferro que vieram da Alemanha.
Avante da atual reforma do Museu Pátrio de Belas Artes, o arquiteto João Permitido Leal manifesta satisfação com o resultado da obra, mas alerta que a instituição precisa manter rotinas de conservação para evitar o progresso de possíveis danos futuros.
“É preciso entender que a obra de restauração não se resume a uma lanço, que é concluída e acaba. Ela é permanente. O trato de mais de 20 milénio metros quadrados de extensão construída em um museu é permanente. É uma obra ordenado que nunca deixará de sobrevir, diariamente. Nós temos uma equipe de manutenção, mas ou por outra temos trabalhos diuturnos, inclusive durante a noite e nos fins de semana, para manter esse prédio em funcionamento”.
Cúpula médio
Na atual reforma, um dos grandes desafios envolveu a cúpula médio. A princípio, foi sancionado um projeto para desfazer a estrutura e reconstrui-la por inteiro. Seria, portanto, um elemento absolutamente novo, porém buscando reproduzir características da cúpula original.
Em 2021, no entanto, arquitetos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Pátrio (Iphan) passaram a tutelar uma outra proposta: a manutenção e a recuperação do esforço estrutural, a impermeabilização e o tratamento dos materiais.
Um dos motivos para se pensar em uma opção era a preocupação da portanto gestora do Museu Vera Mangas, com a repercussão e o resultado da demolição da estrutura.
“Ela estava com receio do efeito que a demolição teria para fora. O que as pessoas achariam ao passar por cá?”, conta a arquiteta do Iphan, Letícia Pimentel.
Depois análises, houve o convencimento de que a deterioração da cúpula estava relacionada à infiltração de chuva da chuva. Assim, um projeto que envolvesse uma impermeabilização eficiente poderia estender a vida útil da estrutura. Letícia conta que a cúpula nunca havia sido submetida a um trabalho de conservação em mais de 100 anos.
Apesar de tutelar a proposta implementada, a arquiteta destaca o profissionalismo da equipe anterior, que previu a demolição da cúpula. “Ambas as propostas encontravam acolhida nas teorias da restauração. Importante entender que restauração não é uma ciência exata”, afirmou. Segundo ela, a primeira proposta dava mais foco à estrutura, enquanto a opção que foi desenhada se prendeu aos materiais.
A mudança de rota recebeu o aval do Iphan, do Instituto Brasílio de Museus (Ibram) e do Fundo de Resguardo dos Direitos Difusos (FDD), que é vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e que foi responsável por prometer os recursos financeiros.
Agora, uma das principais pendências antes da reabertura completa é a reforma do sistema elétrico, que contará com recursos do Banco Pátrio de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A petrolífera Shell, patrocinadora master do Museu Pátrio de Belas Artes, irá financiar a climatização e os trabalhos de renovação das atividades educativas e da exposição de longa duração.
Há ainda o base da Associação de Amigos e Colaboradores do Museu Pátrio de Belas Artes (ABA) na atualização do pilha de arte contemporânea e no desenvolvimento do projeto executivo para uso do cine-teatro.