Não é sempre que se presencia um bate-boca em público entre um jornal tradicional e um ministro do STF. Hoje é um desses raros dias.
Na página do editorial, a n-ésima sátira do Estadão à invasão de competências por segmento do STF. Na página seguinte, um cláusula do presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, fazendo a resguardo da Galanteio, e sugerindo que o jornal faz o jogo daqueles que “sabemos de onde vieram e onde pretendiam chegar”, ao contribuir com um envolvente de “ódio institucional”. Daqui a pouco, é capaz de o Estadão ser incluído no sindicância das fake news.
O cláusula de Barroso tem o DNA petista. Lista uma série de “conquistas”, e sugere que quem não concorda com as decisões do Supremo é porque não gosta da Constituição. O exposição petista é o mesmo, substituindo “Constituição” por “pobres”. Trata-se de um cláusula mistificador do início ao término.
O problema é que Barroso gasta 5 milénio caracteres cantando loas a si mesmo, e não endereça as principais críticas do editorial, quais sejam o sindicância sem término das fake news e a verbosidade de alguns ministros fora dos autos, quando não em convescotes pagos por empresários com interesses na Galanteio. Sobre esse último ponto, o ministro dá uma de João-sem-braço, ao proferir que os holofotes se devem à transmissão obrigatória das sessões do plenário. O presidente do STF certamente acha que está conversando com parvos.
O cláusula de Barroso é útil por dois motivos: o primeiro é colocar a nu a má-fé e o multíplice de superioridade do ministro; o segundo é provar que os editoriais do Estadão incomodam o poder e que, portanto, têm a sua utilidade.
O editorial de hoje elogia o ministro Edson Fachin, que disse o óbvio: o juiz aplica a lei, não fabrica a lei. Com certeza o editorialista sabia que o texto de Barroso seria publicado logo em seguida ao do editorial, e o fez propositalmente, de modo que o leitor pudesse confrontar as duas visões.
Por término, e porquê nota cômica, seria interessante imaginar porquê esse tipo de debate entre o editorial e o ministro seria mediado por checadores de fatos. O ministro elenca uma série de fatos verdadeiros para erigir uma veras que não conversa com a sátira do editorial, a que o ministro reduz a um “ódio institucional”.
Os checadores certamente dariam razão ao ministro e não seriam capazes de perceber o nível subterrâneo do exposição. Portanto, classificariam o editorial porquê “fake news”, sentença de milénio e uma utilidades para desclassificar a sátira de opositores.
Marcelo Guterman. Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica da USP e rabi em Economia e Finanças pelo Insper. Jornal da cidade