No inverno de 2013 o cantor Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes – ou simplesmente Belchior – e sua esposa Edna Prometheu (pseudônimo de Edna Assunção de Araújo), em meio à romaria que desenvolviam buscando uma vida pacífica e anônima, foram acolhidos pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e abrigados no núcleo de formação da cooperativa camponesa Cooperbio em Seberi (RS). Esse é o tema do minidocumentário “Belchior entre os camponeses”, produzido pelo jornalista do Brasil de Vestimenta RS Marcos Antonio Corbari.
A primeira exibição do filme aconteceu durante a programação natalina da cidade de Seberi, em atividade organizada pela prefeitura municipal junto à Mansão de Cultura Valter Kerber. Na oportunidade também foi apresentado ao público outro documentário – “Além das Linhas”, da professora Rejane Bonadiman Minuzzi -, que retrata a bocha adaptada para jovens deficientes. Também foram lançamedos dois livros voltados à informação e conscientização sobre o autismo.
“Belchior entre os camponeses” tem pouco mais de 30 minutos de duração e foi realizado através do edital sítio da Lei Paulo Gustavo. Conta com espeque da Secretaria Municipal de Ensino/Prefeitura Municipal de Seberi, do Ministério da Ensino/Governo Federalista e do Recomendação Municipal de Cultura de Seberi.
Além de relatar com o testemunho de cinco pessoas que conviveram e até moraram junto com Belchior e Edna – Marcelo Leal, Marcos Joni Oliveira, Débora Varoli, Joel da Silva e Lizane Brixner – o documentário apresenta a única retrato tirada pelo cantor naqueles dias. Traz ainda a arte construída por Edna e Bel para ilustrar o projeto Alimergia e a versão da música “Amanheceu”, composta por Pedro Munhoz em homenagem ao colega cantor.
Sessão ao ar livre no recinto da Mansão de Cultura serviu para apresentação de audiovisuais e também para lançamento de livros / Wagner Stan/Prefeitura de Seberi
As informações e memórias compartilhadas pelos portanto integrantes da Coperbio pela primeira vez são compartilhadas com tal nível de detalhamento, apresentando a memorial de um ser humano que foi protegido em sua integralidade e adoptado em suas fragilidades. Trata-se, porquê descreve Corbari, de um vídeo que é prioritariamente afetivo. “Os fatos são relatados, a informação está presente do primeiro ao último minuto, mas é inegável que a história é contada a partir de um olhar afetivo”.
“Impossível não fustigar saudade”
“Foi pouco tempo de convívio, mas foram dias muito especiais. Acredito que assim porquê eles deixaram muito do seu jeito de ser junto com a gente, levaram muito de nós junto com eles”, afirma a camponesa Liziane Brixner, atualmente residente em Encruzilhada do Sul.
Corbari explica que o projeto tem finalidade pedagógica, histórica e cultural. Não tem fins lucrativos, não deve ser monetizado. Pode ser reproduzido livremente, desde que não tenha seu teor perturbado e sejam informados autores, realizadores e financiadores, muito porquê preservados os créditos dos recortes de imagens, vídeos e áudios utilizados porquê ilustração à narrativa.
O filme está disponível gratuitamente para ser testemunhado ou baixado no link https://youtu.be/2Yb2AID-MsM.
“Hoje, quando olhamos para trás e nos lembramos daqueles dias, impossível não fustigar saudade. Mas não é saudade do artista Belchior, esse continua conosco através das canções. É saudade do tio Antônio que sempre tinha um bom ponto para animar a conversa, que esperava as crianças chegarem da escola para interagir, conversar, pintar, folgar…”, aponta Débora Varoli, que hoje reside em Porto Satisfeito.
Registro da passagem de Belchior por Seberi foi entregue para ser afixado na Mansão de Cultura sítio / Wagner Stan/Prefeitura de Seberi
Entre os agradecimentos ficam em destaque o Instituto Cultural Padre Josimo (ICPJ), Cooperbio, projeto Alimergia, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Pedro Munhoz, Ronald Wolf, Angela Padilha Wagner e Espaço Girassol.
Durante a primeira exibição do audiovisual, integrantes da atual direção da Coperbio entregaram ao prefeito de Seberi, Adilson Balestrin (MDB), e à primeira senhora Francislaine Trevisan, um quadro com a reprodução da arte produzida por Belchior e Edna e a retrato do artista em meio aos jovens militantes camponeses na cascata. O projeto contempla ainda contrapartida da segmento do realizador em forma doação de livros para a Livraria Municipal e para as bibliotecas das escolas municipais.
O jornalista Marcos Antonio Corbari está preparando para o Brasil de Vestimenta uma grande reportagem a partir do material coletado para a produção desse filme, que deverá ser publicada nos próximos dias. “Belchior nos ensina que amar e mudar as coisas interessa mais, e esse é o grande objetivo de publicarmos nascente material, um profundo manobra de afeto com estas memórias que precisam ser compartilhados com a comunidade e com quem mais esteja disposto a ver e saber”, afirma.
Assista ao documentário:
Nascente: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko
