Um relatório lançado pela organização internacional Médicos sem Fronteiras (MSF) denuncia o colapso no sistema de saúde imposto à população da Filete de Gaza por Israel. Em mais de um ano de ataques, praticamente toda a infraestrutura de atendimento foi perdida e a população não tem entrada a comida, chuva potável, esgoto tratado e remédios.
O documento em inglês Gaza: Life in a Death Trap (Gaza: Vida em uma Embuste Mortal) aponta o desmantelamento do sistema e a negação da assistência humanitária uma vez que processos de punição coletiva e genocídio. Com dados e relatos, o documento demonstra o impedimento de qualquer tipo de recuperação do povo palestino.
“Em pessoal no setentrião da Filete, a recente ofensiva militar é uma ilustração clara da guerra brutal que as forças israelenses estão travando contra Gaza, e estamos testemunhando sinais claros de limpeza étnica, à medida em que a vida palestina está sendo eliminada da dimensão”, relata o estudo.
Impacto humano
Embora toda a população do território viva sob exigência de extrema vulnerabilidade, grupos uma vez que mulheres e crianças são ainda mais afetados no contexto. O relatório destaca o aumento da fome infantil e relata sintomas de depressão, impaciência e pensamentos suicidas entre crianças.
A ruína da infraestrutura de saúde e a instabilidade generalizada tornam o entrada a cuidados pré-natais praticamente impossível para pessoas grávidas. Elas vivem sob risco significativo em casos de complicações uma vez que eclâmpsia, hemorragia e sepse.
Aliás, o estresse, a má nutrição e a falta de base médico adequado aumentam os partos prematuros. Com unidades de saúde superlotadas, gestantes recebem subida precoce e retornam a condições de vida precárias.
Esse cenário inclui deslocamentos forçados, abrigos repentista e sem condições sanitárias adequadas, sofrimento psicológico e perda da rede de base. Muitas vezes responsáveis pelos cuidados com os filhos e outros membros da família, as mulheres enfrentam desafios adicionais em um contexto de guerra.
O relato de uma mulher palestina de 33 anos, outorgado à MSF no último mês de setembro, é uma das amostras do sofrimento imposto pelo tropa israelense. Nas palavras dela, “bastaram cinco minutos para virar todo o nosso mundo de cabeça para plebeu.”
Asilo com o marido e o fruto em uma zona rústico, que pensava ser uma dimensão segura, a mulher presenciou o ataque surpresa de tanques. Cabanas improvisadas com palha foram incendiadas. O varão ficou ferido e a gaiato perdeu uma das pernas.
Frente à sisudez do ferimento, ela deixou o marido e saiu em procura de transporte do fruto para uma unidade de atendimento. Horas depois, quando os dois já tinham sido levados ao hospital, a mulher chegou ao lugar e encontrou o companheiro morto e a gaiato em estado de traumatismo.
“Cheguei ao hospital, sentindo no fundo que estava prestes a perder meu fruto. Vim me despedir. Perguntei pelo meu fruto e me disseram que ele estava muito, fixo até. Senti-me aliviada e agradeci a Deus. Mas portanto eles me disseram que meu marido havia falecido. Entrei em choque novamente, culpando-me por escolher meu fruto em vez de seu pai.”
Dados
De pacto com o relatório, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou 512 ataques a unidades de saúde, entre 7 de outubro de 2023 a 18 de setembro de 2024. Mais de 400 instalações e 115 ambulâncias foram afetadas. Até o momento, 19 hospitais, 126 postos médicos e 75 centros de atenção primária à saúde estão fora de serviço.
A estrutura restante opera com danos severos, escassez de recursos e suprimentos e perdeu a capacidade de seguir o incremento nos números de vítimas da guerra. Antes dos ataques, o território contava com muro de 3,4 milénio leitos hospitalares. Hoje são pouco mais de 2 milénio. Todos eles estão em hospitais parcialmente funcionais ou estruturas de campanha.
“As necessidades aumentaram exponencialmente devido ao grande número de feridos e à disseminação de doenças causadas pelas péssimas condições de vida e pelo colapso do sistema de atenção primária à saúde.”
Até o início desta semana, o número de óbitos relacionados à guerra relatado pelo Ministério da Saúde de Gaza ultrapassava 45 milénio. Desde que a guerra começou, a organização Médicos sem Fronteiras realizou pelo menos 27,5 milénio atendimentos por violência e 7,5 milénio intervenções cirúrgicas
As equipes da entidade que atuam no território sofreram 41 incidentes classificados uma vez que críticos. Nessa lista estão ataques aéreos, ofensivas terrestres em hospitais, disparos de tanques contra abrigos onde estavam trabalhadores e trabalhadoras da organização e suas famílias, e violência contra comboios humanitários.
Um exemplo emblemático da brutalidade israelense é o cerco ao Hospital Nasser, em Khan Younis, detalhadamente documentado no relatório da MSF. Sobrecarregado por vítimas da guerra e milhares de pessoas refugiadas, a unidade teve a maternidade atingida há muro de um ano.
Nas semanas seguintes, o hospital foi repetidamente bombardeado e atacado por atiradores de escol. Em 15 de fevereiro de 2024, forças de Israel invadiram o lugar de maneira violenta e causaram terror por três dias. Houve ordem de evacuação da unidade.
De pacto com as equipes da organização internacional, a invasão causou a morte direta ou indireta de pacientes.
“As pessoas foram forçadas a uma situação impossível: permanecer no Hospital Nasser contra as ordens do Tropa israelense e se tornar um mira em potencial ou trespassar do multíplice para uma paisagem apocalíptica. As pessoas nos perguntam ‘onde é seguro? Para onde devemos ir?’, mas não há resposta para isso”, relatou Lisa Macheiner, coordenadora de projetos da MSF em Gaza, durante o ataque.
Impossibilidade de recuperação
Diante da ruína sistemática de uma infraestrutura importante, do colapso do sistema de saúde, da fome generalizada, do bloqueio de suprimentos essenciais e do traumatismo psicológico profundo, a MSF considera a recuperação de Gaza um repto quase intransponível
Segundo o relatório, o impacto da guerra permanecerá por gerações e condenará a população a um horizonte de sofrimento e privação. “Mesmo que o ataque brutal de Israel terminasse hoje, o impacto a longo prazo de tal hecatombe e ruína desafiaria qualquer tentativa de defini-lo”, alerta.
O solo e as águas estão sob contaminação generalizada e os danos ambientais impõem riscos de longo prazo para a saúde, a segurança nutrir e a resiliência do ecossistema. A peroração é de que as ações israelenses têm um impacto devastador na capacidade da região de sustentar a vida humana e o desenvolvimento social.
“Seja qual for a perspectiva considerada, seja a reconstrução física da infraestrutura, o tratamento de feridos de guerra, a restauração dos cuidados com doenças crônicas ou a premência de mourejar com o inferno mental pelo qual muitas gerações passarão, o repto parece sem precedentes, particularmente no contexto desta pequena fita de terreno bloqueada e densamente povoada”, alerta o documento.
Edição: Thalita Pires