Os atos convocados pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Pavor para esta terça-feira (10) juntam uma série de pautas que envolvem a democracia e a resguardo dos direitos dos trabalhadores e de toda a população. Por isso, a data escolhida é a mesma em que é comemorado o Dia Internacional dos Direitos Humanos, explica o historiador Paulo Henrique Lima, que também é integrante da coordenação vernáculo do Movimento Brasil Popular.
A principal das pautas é a pressão pela punição dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado em novembro de 2022, porquê o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele foi um dos 37 indiciados no questionário da Polícia Federalista (PF) sobre a trama golpista, idealizada para se manter no poder depois as eleições que deram vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O questionário está sob estudo da Procuradoria-Universal da República (PGR), que deve deliberar se denuncia os indiciados, pede mais investigações ou arquiva o caso.
Para Paulo Henrique, Bolsonaro não só deve ser denunciado pela PGR, porquê deve ser recluso. E, diante dos pedidos de anistia, a sociedade deve mostrar a força que tem para não cometer o mesmo erro da ditadura militar (1964-1985).
“A gente está num momento muito importante da ensejo política brasileira. É um momento decisivo para que a gente possa impulsionar a luta pela prisão não só do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas também dos 36 [incluindo] generais militares que estiveram por trás de um projecto de uma tentativa de golpe, que perpassa o 8 de janeiro, mas porquê o próprio questionário enviado para a PGR revela, era um projecto ainda mais multíplice, inclusive com a tentativa de homicídio do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro [do Supremo Tribunal Federal] Alexandre de Moraes.”
“A situação é muito grave e os movimentos populares acreditam que a sociedade precisa se mobilizar em torno da Justiça, de exigir justiça para prisão do ex-presidente Bolsonaro e todos esses militares. A gente que compreende a história no Brasil sabe da valimento da luta contra a ditadura cá no Brasil, a gente sabe que a anistia, inclusive, perdoou os torturadores da ditadura”, relembra.
Numa das últimas declarações públicas sobre o questionário do golpe, Bolsonaro negou envolvimento na trama golpista, mas voltou a sugerir perdão para quem tentou agir contra a democracia. Ao fazer isso, o ex-presidente estaria entrando numa própria incoerência, tentando se antecipar e se livrar de responsabilidades caso seja denunciado e sentenciado, avalia o coordenador vernáculo do Movimento Brasil Popular.
“Quando ele reivindica anistia, ele reconhece o movimento direto na trama golpista. Quando ele exige que seja anistiado, não só ele, mas os generais, os militares, ele afirma que essa medida seria importante para a pacificação do país. A anistia na ditadura fez com que vários torturadores, vários criminosos permanecessem e se revelassem, inclusive, agora, recentemente, com essa tentativa golpista que a gente viu em 2022 e no 8 de janeiro [em 2023].
“Logo, ao contrário de pacificar o país, porquê diz o ex-presidente, a anistia consolidaria essa, digamos assim, tradição antidemocrática de secção do tropa brasílio. É importante reconhecer que tiveram parcelas do Tropa Brasiliano que honraram as tradições constitucionalistas. Mas tem uma tradição antidemocrática poderoso no Tropa que precisa ser responsabilizada e precisa ser punida. Por isso que os movimentos populares vão às ruas”, defende Paulo Henrique.
Outras pautas
Há atos marcados em pelo menos 18 estados e no Região Federalista. Em São Paulo, a concentração será na avenida Paulista, a partir das 17h. Além de cobrar responsabilização pela tentativa de golpe de Estado, os movimentos também convocam a população para tutorar juntos o término da graduação 6×1, a valorização do salário mínimo e das aposentadorias, a taxação dos super-ricos, a derrubada do “PL do Estupro” e o término do genocídio da população negra.
“Depois as eleições municipais, a gente teve uma ótima surpresa que foi essa mobilização que ocorreu tanto protagonizada pela deputada Erika Hilton (Psol-SP), mas também pelo vereador [eleito] da cidade do Rio de Janeiro, Rick Azevedo (Psol), que denunciaram a superexploração do trabalho do Brasil em uma jornada de trabalho desumana, que inclusive remonta à legado escravista da sociedade brasileira. Logo, as mobilizações de amanhã também reforçarão a luta pelo término da graduação 6×1″, contextualiza.
“A taxação de super-ricos é outro tema muito importante, inclusive, a gente acompanhou a pressão do mercado financeiro para que um ajuste fiscal seja realizado exclusivamente nas costas dos trabalhadores do nosso país, e a gente acha que é importante que essas mobilizações combinem. Serão um ponto de retomada das mobilizações do nosso país. Desde que a gente derrotou o Bolsonaro, que a gente retomou o governo federalista, os movimentos têm tido agendas muito particulares [e] acho que o ato de amanhã pode ser um momento decisivo para retomada de mobilizações”, conclui.
A entrevista completa está disponível na edição desta segunda-feira (9) do Médio do Brasil, no ducto do Brasil de Vestuário no YouTube.
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O Médio do Brasil é uma produção do Brasil de Vestuário. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Martina Medina