Na noite de quarta-feira (4), policiais militares foram filmados agredindo uma senhora de 63 anos durante abordagem na morada da família em Barueri, na Grande São Paulo (SP). A confusão começou por uma moto em situação irregular estacionada na frente do portão, e continuou com empurrões, chutes e quebra-quebra.
“É o caso só número 10 milhões”, denunciou o rapper Eduardo Taddeo, tio de Gabriel Renan da Silva Soares, que foi assassinado por um policial militar (PM) com oito tiros pelas costas em uma loja Oxxo, no dia 3 de novembro, em São Paulo (SP).
Os casos no estado se acumularam nas últimas semanas, mas o problema é pátrio. No Grande Recife (PE), o PM Venilson Cândido da Silva matou a tiros o mototaxista Thiago Fernandes Bezerra, de 23 anos, no último domingo (1º). O motivo da morte teria sido a cobrança de R$ 7 por uma corrida. E, depois atirar, o policial saiu andando porquê se zero tivesse ocorrido.
A normalidade da situação parece geral entre os casos. No caso do Oxxo, por exemplo, depois Soares ser alvejado e desabar no pavimento, o policial Vinícius de Lima Britto caminha calmamente até o corpo, mexendo no celular. Dois clientes, inclusive, passam pelo corpo estendido na passeio e entram na loja.
Já em outro caso recente, em que o PM Luan Felipe Alves Pereira arremessou um varão de uma ponte na Zona Sul da capital paulista, outros três colegas observaram a ação sem reação alguma. O ouvidor das polícias, Cláudio Silva, afirmou, em entrevista à TV Mundo, que pediria o encolhimento de todos os agentes, já que enquanto um praticava o ato, os outros não o impediram.
Outra “coincidência” é quem são as pessoas atingidas. Um estudo publicado no início de novembro mostra que houve 4.025 mortes por policiais em todo o Brasil em 2023. Em 3.169 desses casos foram disponibilizados os dados de raça e cor: 2.782 das vítimas eram pessoas negras, o que representa 87,8%.
O jurisperito criminalista e diretor da plataforma Justa, Cristiano Maronna, afirma que está naturalizada a violação de direitos sob o argumento de combate ao delito, criando uma polícia sem controle, “que tem missiva branca para matar”, criticando os defensores da política de segurança atual.
Um destes defensores, em São Paulo, por exemplo, é o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que já chegou a ironizar as denúncias de mortandade e os abusos cometidos por policiais feitas ao Recomendação de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
A consequência são as mudanças nas políticas de segurança pública implementadas, porquê é o caso do uso das câmeras corporais que está em discussão há manifesto tempo – e não era exatamente bem por Tarcísio.
Depois da pressão popular com os últimos casos, o governador recuou e afirmou que agora defende a ampliação do programa Olho Vivo, criado em 2020, que equipou policiais paulistas com câmeras portáteis que gravam a rotina operacional.
Infelizmente, não é nascente recuo que vai trazer mais segurança para a população. Por fim, os casos se acumulam, há questões estruturais e valores que são repassados no momento da própria formação dos policiais e existe todo um aparelho de proteção a quem mata no Brasil.
A nós, jornalistas, cabe denunciar, cabe publicar nomes, vídeos e imagens dolorosas em procura de justiça, para que não haja mais impunidade e para que, um dia, quem sabe, surja alguma esperança de mudança e de real segurança para todos e todas nós. Independentemente de raça e classe social.
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Seguimos na denúncia.
Rafaella Coury
Coordenadora de Redes Sociais
Edição: Martina Medina