“Uma revolução patriótica, uma luta por uma segunda independência”. É mal Mamane Sani Adamou, da Organização Revolucionária para a Novidade Democracia ORDN (Tarmouwa), define o que Níger vive hoje desde o histórico 26 de julho de 2023, dia em que uma junta militar depôs o portanto presidente Mohamed Bazoum com extenso suporte popular e com ideais que relembraram líderes históricos pan-africanistas, uma vez que o burquinense Thomas Sankara.
Desde a independência dos países da África do Oeste, em 1960, não houve outro movimento tão efetivo e corajoso de ruptura e enfrentamento às estruturas coloniais e imperialistas de poder, representadas na região pela França, uma vez que o que vemos hoje nos países do Sahel. É, de indumento, um momento histórico. Mas pouco noticiado.
Essa constatação o Brasil de Trajo pode ver de perto, ao ser convidado para ocultar a cobertura a Conferência Internacional de Solidariedade Anti-Imperialista com os Povos do Sahel, em Niamei, entre os dias 19 e 21 de novembro, a invitação da Tertúlia Internacional dos Povos (AIP).
A reunião de líderes políticos de mais de 30 países foi organizada por duas grandes forças do movimento pan-africanista: a Organização dos Países da África do Oeste (OPAO) e a Pan Africanism Today.
Os objetivos, segundo Philippe Noudjènoumè, presidente da OPAO, foram amplamente conquistados. Em entrevista exclusiva que trouxemos por cá, ele confirmou o que levou a organização a erigir o evento. Um deles nos labareda mais atenção.
“O objetivo inicial era que o mundo conhecesse a experiência da AES (Coligação dos Estados do Sahel), todos os povos do mundo, mormente os latino-americanos, que não conhecem”.
Noudjènoumè não deixa de ter razão. O que chega por cá é pouco, e muitas vezes camuflado pelas agências de notícias europeias, notadamente veículos pró-França, que tentam qualificar os processos revolucionários na região uma vez que golpes militares comuns, autoritários e sem suporte popular, o que não é o caso.
Nos meses que sucederam a mediação militar em 26 de julho, o povo do Níger tomou as ruas de Niamei até que o último dos 1500 militares franceses deixasse o país.
Visitamos a lar de Aisha Yahya Maiga, uma senhora de 60 anos que ganhou o nome de “Peito Resistance”, por diariamente percorrer a Place de La Patrie e a Place de la Resistance alimentando os jovens que dormiam nas avenidas até que a França concordasse em se retirar do país – o que aconteceria somente cinco meses em seguida o golpe.
A França fez de tudo para não se retirar. Até ameaçou invadir o Níger por meio de seus países aliados da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), uma vez que a Nigéria, o que não surtiu efeito. A própria União Africana foi contra a invasão.
Em seguida, vieram as sanções da Cedeao, o fechamento de fronteiras, e a tentativa desumana de sufocar o chegada da população nigerina a medicamentos e provisões. Zero disso foi capaz de sofrear o ímpeto anti-francês instaurado no Sahel.
A explicação para suportar tantos ataques e dificuldades é a esperança de que o porvir não poderia ser pior do que já era vivenciado. No caso do Níger, vimos uma consciência clara da população de que as relações com a França eram absolutamente injustas. Não havia chegada a direitos básicos e o suposto combate aos grupos terroristas, justificativa usada pelos franceses para ocuparem militarmente a região, era falta e ineficiente.
As casas, majoritariamente construídas de barro, se desmanchavam com as chuvas, nos contaram os agricultores. A pujança elétrica abastecia exclusivamente tapume de 90% da população até 2020. Isso foi confirmado pelo macróbio ministro nigerino da Robustez, que foi secretário-geral da Organização dos Produtores Africanos de Petróleo (APPO), Mahaman Laouan Gaya.
Essas condições de vida desumanas, que fazem do Níger o terceiro país mais pobre em todo o planeta, foram ao longo das décadas ignoradas pela França, e sobretudo, catalisadas pelo país europeu ao sequestrar os recursos naturais de suas antigas colônias e impor seu controle monetário através do franco da África Mediano (CFA).
Conhecendo os pilares de formação da Coligação dos Estados do Sahel (AES), pudemos constatar que Níger, Burkina Faso e Mali reivindicam zero mais que a soberania política e econômica, além da posse de suas riquezas.
Há medidas que incluem planos soberanos, uma vez que a constituição de uma moeda independente, a derrubada da estrutura do FMI e do Banco Mundial, e a rescisão de acordos neocoloniais com a França, uma vez que os que permitem a exploração do Urânio na região de Arlit, no setentrião do Níger.
Faço uma pausa nesse texto para recomendar três ótimas leituras sobre a veras histórica dos países do Sahel que se levantaram contra a França nos últimos anos veiculadas cá no Brasil de Trajo. São textos publicados por Vijay Prashad, historiador e jornalista indiano, diretor-geral do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social. Cá estão eles: O povo de Níger e a vontade de dar um termo à submissão; A pujança das ruas de Mali não se dissipou e os golpistas sabem disso; Quando as estrelas brilharão novamente em Burkina Faso?
O que realmente é notado ao pisar em Niamei é uma vez que os governos do Níger, Burkina Faso e Mali, atualmente desfrutam de extenso suporte de seus cidadãos, que impulsionam e se unem em torno dessas ações revolucionárias.
Provar solidariedade e suporte ao processo revolucionário em curso no Sahel, no setentrião da África, tem sido uma tarefa urgente para as forças progressistas na África, mesmo aquelas que não simpatizam e não têm os militares primeiro dos processos patrióticos, uma vez que é o caso do Senegal.
Por lá, mostramos uma vez que o partido do primeiro-ministro Ousmane Sonko e do presidente Bassirou Diomaye Faye, o Pastef, conquistou uma maioria esmagadora de assentos na Tertúlia Legislativa, e caminha para por em marcha as primeiras grandes reformas do programa de “ruptura” e anticoloniais que levou Faye à presidência, há oito meses.
O Sahel não deixa de ter influência neste movimento pan africanista moderno. “Todos os países africanos de hoje, mormente os países da África Ocidental, estão todos olhando na mesma direção que o povo do Sahel”, nos contou o beninense Philippe Noudjènoumè
Assim uma vez que os líderes da Conferência Solidariedade Anti-Imperialista com os Povos do Sahel, que redigiram a Enunciação de Niamei, a esperança é que esses governos continuem “a ouvir seu povo” e cumpra seus objetivos de libertação vernáculo no caminho de África unificada e livre. Da nossa segmento, continuaremos noticiando essas transformações uma vez que elas merecem ser noticiadas: com a nossa visão popular.
Edição: Felipe Mendes