Há pessoas que preferem ter cães uma vez que pets, outras que optam por gatos. E há aqueles que querem animais pouco convencionais, uma vez que… aranhas. Por mais que pareça surpreendente, é o que tem sucedido na internet: o transacção de aracnídeos. Mesmo sendo uma prática proibido, o mercado de aranhas tem movimentado milhões de reais e é feito até mesmo em grupos pelo Facebook.
É o que mostra um item produzido pela Rede Vernáculo de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) e pelo biólogo Sérgio Henriques, coordenador de conservação de invertebrados no Global Center for Species Survival. De contrato com a pesquisa, que foi obtida antes da publicação pela BBC, os vendedores de aranhas parcelam valores e chegam a realizar rifas.
A depender da espécie, o valor pode ultrapassar R$ 1 milénio. É o caso da Phamphobeteus sp, que é oferecida por R$ 1,2 milénio em comunidades online. Ao indagar 14 grupos, o levantamento estima que o mercado proibido de aracnídeos movimenta R$ 3 milhões em um ano.
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Na avaliação de especialistas, a baixa punição e a facilidade das compras online têm feito esse mercado ilegal crescer. Nos últimos 20 anos, menos de centena multas impostas pelo Ibama (Instituto Brasílio do Meio Envolvente e dos Recursos Naturais Renováveis) mencionam “aranhas” ou “aracnídeos”. E as poucas que existem costumam narrar com uma punição de insignificante dispêndio, embora manter um bicho silvestre em cativeiro seja delito no Brasil.
– Nunca vi o Ibama invadir a lar de alguém por produzir uma tarântula – disse um colecionador, em um dos grupos do Facebook analisados.
Algumas dessas páginas chegam a ter milhares de membros e postagens diárias, nas quais os usuários mostram as aranhas que mantêm em lar, tiram dúvidas sobre uma vez que criá-las e se livrar de possíveis apreensões, além de marcarem entregas até mesmo em lugares públicos, uma vez que estações de metrô.
– Virou uma febre o hobby, principalmente entre jovens de classe média. Todo mundo quer ter o bicho mais dissemelhante, o maior, o mais hostil. Tem muita vaidade em jogo – declarou Dener Giovanini, que integrou a pesquisa.
E não à toa o transacção desses animais é delito: a pesquisa alerta que a retirada das aranhas de seus habitats naturais pode gerar um desequilíbrio na natureza.
– Tirar uma aranha [do habitat natural] em si parece que é só um quidam. Se alguém tira uma fêmea, você elimina toda uma geração. Elimina toda aquela possibilidade de reprodução que aquele bicho representava – explica o coordenador do estudo, Sérgio Henriques.
Empresa responsável pelo Facebook, a Meta afirmou que não permite o transacção ou doação de espécies selvagens. A companhia diz que usa tecnologia, denúncias de internautas e revisão humana para infligir as normas.
Créditos (Imagem de cobertura): Foto: Robert Balog | Pixabay