A organização não-governamental venezuelana Provea cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma resposta contundente sobre a vitória do ditador venezuelano Nicolás Maduro neste final de semana, em uma eleição marcada por suspeitas de fraude. Diferente de outros países da região como Argentina, Chile, Colômbia e Peru, o Brasil ainda não se pronunciou.
A Provea afirma que o “futuro de milhões de pessoas na Venezuela” depende do posicionamento de Lula, já que ele foi o principal fiador de Maduro na promessa assinada no Acordo de Barbados para que a eleição ocorresse de forma justa e transparente – o que, segundo a organização, não aconteceu.
Receba notícias do Conexão Política em tempo real no seu WhatsApp
Receba notícias do Conexão Política em tempo real no seu WhatsApp
“O anúncio de resultados que vão em sentido contrário ao vivido pelos venezuelanos nos centros eleitorais aprofundará a crise institucional e derivará em um cenário distinto de uma transição democrática conforme a Constituição e a plena garantia dos direitos humanos”, diz a organização em nota emitida minutos depois do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão ligado ao regime chavista, proclamar a vitória de Maduro com 51,2% dos votos.
A Provea exorta a comunidade internacional a emitir “pronunciamentos baseados no respeito à vontade popular” deste domingo (28).
“O povo venezuelano exerceu massivamente seu direito ao voto nas eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela com a esperança de que, a partir de resultados transparentes e credíveis, possa iniciar-se um processo para a reconstrução da democracia”, afirma a organização.
Entre os pedidos da oposição venezuelana estão o acesso às atas das zonas eleitorais e uma auditoria independente nos votos registrados pelo CNE.
A oposição venezuelana denuncia que não teve acesso a 70% das atas eleitorais, que as sessões foram prolongadas em áreas chavistas e que houve relatos de intimidação em regiões opositoras. No final do dia, o CNE foi acusado de interromper a transmissão dos votos em diversas zonas.
O silêncio de Lula contrasta com o de outros países vizinhos, da América Central, como a Costa Rica e Guatemala, e de países como os Estados Unidos, Espanha e Reino Unido.
A vitória de Maduro foi confirmada no início da madrugada desta segunda-feira (29) pelo CNE, com 51,2% dos votos. O órgão, responsável por organizar as eleições e controlado pelo regime chavista, apontou que o opositor Edmundo González, da Plataforma Unitária Democrática (PUC), ficou em segundo lugar com 44,2%.
Com esse resultado, Maduro conquistou mais uma reeleição e permanecerá no poder por mais seis anos.
No final da votação e início da apuração, a oposição venezuelana acusou o CNE de interromper a transmissão dos resultados das urnas e de impedir que representantes tivessem acesso às atas eleitorais. Também alegam que fiscais foram retirados de centros de votação.
Discussion about this post